Cotidiano

Representantes do ACNUR/ONU vão a Pacaraima ver situação de venezuelanos

Decisão de formar o grupo para ir à fronteira foi tomada em reunião que contou com representantes dos governos federal e estadual

Uma reunião foi realizada na manhã de ontem, 30, na Secretaria do Trabalho e Bem-Estar Social (Setrabes), para debater sobre a situação de refugiados venezuelanos em Roraima. Estiveram presentes membros do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), órgão das Nações Unidas (ONU) e representantes do Governo Federal. Um grupo de trabalho foi criado com o objetivo de visitar o município de Pacaraima, ao norte do Estado, na fronteira com a Venezuela, ainda hoje, 31.

A finalidade da visita ao município fronteiriço é definir formas de abrigamento para os refugiados e locais estratégicos para a montagem das 75 barracas disponibilizadas pela Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec). Além dos membros da Acnur, fazem parte do grupo integrantes dos ministérios da Saúde (MS) e do Desenvolvimento Social e Agrário (MDSA), do Corpo de Bombeiros de Roraima, da Casa Civil e da Fraternidade – Federação Humanitária Internacional, instituição não governamental que presta serviços de auxílio humanitário no Estado.

Segundo o oficial da Acnur, Paulo Sérgio de Almeida, o termo “campo de refugiados” não é adequado para o momento vivido no Estado. “Essa não nos parece ser uma medida própria para a situação que encontramos em Roraima. Estamos aqui para ajudar e também para oferecer o suporte técnico. Cabe aos governos tomarem suas decisões. Nosso intuito é buscar uma solução em conjunto que atenda às necessidades dessa população [venezuelanos]”, explicou.

A reunião transcorreu durante boa parte da manhã e, mesmo assim, ainda não foi definida uma data exata de quando os abrigos serão montados na cidade fronteiriça. Segundo a secretária estadual do Trabalho e Bem-Estar Social, Emília Campos, após a visita a Pacaraima, uma nova reunião do grupo acontecerá para definir os demais detalhes. “Quinta-feira [dia 1º de junho] voltaremos a nos reunir na Setrabes para traçar um planejamento estratégico. Vamos aproveitar bastante o apoio e experiência técnica dos membros da ONU, que são especialistas na questão migratória. Eles também visitarão alguns locais em Boa Vista”, afirmou.

GASTOS – Embora o Estado esteja contando com mais suporte para enfrentar o fluxo intenso de refugiados do país vizinho, a secretária estadual enfatizou que esse é um problema duradouro. “Estamos há sete meses enfrentando essa migração em massa. Não existe perspectiva que essa crise na Venezuela seja minimizada, ou seja, precisaremos enfrentar isso por um bom tempo ainda. Precisamos mensurar os custos e quem serão os atores que vão dividir esses gastos”.

Emília ressaltou que, só com saúde, já foram gastos mais de R$ 2 milhões nas unidades do Estado desde o início da crise, que representou mais de cinco mil venezuelanos. “Recentemente, conseguimos articular junto ao MDSA um aporte de R$ 480 mil, que será destinado exclusivamente ao abrigo de Boa Vista. É um recurso que vai nos auxiliar nos próximos meses, mas que ainda não é o suficiente. Vamos tentar minimizar esses problemas envolvendo a questão social”, disse.