Cotidiano

Redução no preço da gasolina e do diesel pode não chegar a postos de combustíveis

Presidente do Sindipostos explica que redução deve chegar às distribuidoras para então ser repassada ao consumidor

Os consumidores que ficaram animados com o anúncio da Petrobras sobre a redução dos preços nas refinarias em 5,4% para a gasolina e em 3,5% para o diesel podem não ter muito o que comemorar. É que, segundo o presidente do Sindicato dos Postos de Combustíveis de Roraima (Sindipostos), José Neto, o combustível mais barato não deve chegar às bombas do Estado. “Nem sempre o que a Petrobras Petróleo divulga a distribuidora faz. A Petrobras anuncia determinada porcentagem de desconto e a distribuidora, que é distinta, tem atitude de forma diferente”, disse.

Segundo Neto, a possibilidade de o preço do combustível chegar menor ao consumidor final é reduzida. “Isso acontece porque os custos da distribuição não são os custos da refinaria. Na formulação de preços, são as distribuidoras que determinam isso”, afirmou.

O sindicalista alegou que a culpa pela não redução no preço dos combustíveis não é dos donos de postos. “Geralmente os consumidores acreditam que a culpa é dos postos, mas somos apenas uma parte da cadeia de distribuição, que faz a ligação entre a refinaria e o consumidor final”, destacou.

Mesmo sem a queda, na prática o aumento da concorrência entre os postos de combustíveis da Capital tem gerado preços mais baixos para quem compra no dinheiro ou no cartão de débito. Os preços têm caído nas últimas semanas na casa dos centavos. Em alguns postos, o menor valor do litro da gasolina, verificado pela Folha, na compra em dinheiro, é de R$ 3,65, enquanto o mais alto fica a R$ 3,90. “Depois da promulgação de uma medida provisória pelo presidente Michel Temer, que permitiu a prática de preços diferentes dependendo da forma de pagamento, os preços começaram a baixar. A lei antes prejudicava e hoje beneficia o consumidor”, lembrou Neto.

O presidente do Sindipostos complementou informando que, se os preços dos combustíveis chegarem mais baratos das distribuidoras, irão diminuir nas bombas. “Se chegar em nós, vamos praticar a redução sim. Mas, uma coisa é o que anunciam e outra é o que acontece”, frisou.

CÁLCULOS – A Petrobras explicou que a concorrência com combustíveis importados motivou a redução dos preços. Frisou ainda, que os novos valores continuam com “margem positiva em relação à paridade internacional” e sinalizou que poderá aumentar a frequência dos reajustes.

A estatal reforça que não há garantia de repasse da redução ao consumidor final. Pelos cálculos da Petrobras, se o reajuste for inteiramente repassado ao varejo, o diesel poderá ficar 2,2%, ou cerca de R$ 0,07 por litro, em média, mais barato para o consumidor final. Já o preço da gasolina nas bombas dos postos poderá cair 2,4% ou R$ 0,09 por litro, em média.

O reajuste anterior de preços tinha sido anunciado pela Petrobras em 20 de abril. Naquela ocasião, os preços do diesel e da gasolina nas refinarias subiram 4,3% e 2,2%, respectivamente.

Postos de combustíveis são alvo de fiscalização na Capital

Os postos de combustíveis de Boa Vista estão na mira de uma fiscalização de controle de qualidade e quantidade, que iniciou na manhã de ontem, 26, em um posto localizado no bairro São Francisco, zona norte. A operação é realizada pela Polícia Civil, por meio da Delegacia do Consumidor e do setor de Criminalística. A perícia criminal, além de outras delegacias especializadas e fiscais, também participa da ação.

Segundo o chefe de investigação da Delegacia do Consumidor, Pedro Marques, cada posto da Capital será fiscalizado semanalmente. “A perícia vai analisar as bombas para saber se estão regulares. Eles verificam todas as bombas, seja gasolina, diesel ou etanol, e verificam se há adulteração”, disse.

Marques informou que o relatório da perícia sobre a qualidade do combustível deve ser concluído em 30 dias. “Em caso de irregularidades iremos lacrar as bombas dos postos que estiverem com combustível adulterado”, afirmou.