Cultura

Psiquiatra lista sinais de alerta para jovens

Alberto Iglesias é Médico Psiquiatra. Membro Titular da Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP

Antes do casamento, a violência no Namoro é um forte precursor da violência doméstica. O psiquiatra Alberto Iglesias exemplifica em uma lista de sinais de alerta para os jovens, que contribuem para reforçar a invisibilidade da violência conjugal.

A situação mais comum de um relacionamento violento é aquela em que o namoro começa de uma forma amorosa e carinhosa, mas em um dado momento a necessidade de poder de controle sobre a outra se torna intensa, motivando agressões verbais, psíquicas e até mesmo físicas.

Segundo o psiquiatra, o objetivo é controlar, dominar e ter mais poder do que a outra pessoa envolvida na relação. “A violência no namoro não é um fenômeno raro (fato que vários estudos comprovam). É alta a probabilidade de jovens serem ou se tornarem agressores ou vítimas de violência no namoro”, explica.

Há diferentes formas de nos posicionarmos face à violência nas relações amorosas. Podemos tê-la debaixo dos nossos olhos e evitar vê-la, negar a sua existência, considerá-la rara, episódica e irrelevante ou até legitimá-la. Podemos também prevení-la e combatê-la.

“A violência nunca é uma forma de expressar amor ou paixão por outra pessoa. Os ciúmes não servem de justificativa para qualquer comportamento violento. A violência no namoro não olha gêneros, no entanto, há vítimas tanto femininas como masculinas, tal como há agressores do sexo masculino e feminino”, reforça.

A violência no namoro tem um impacto muito destrutivo sobre as vítimas, independentemente do tipo de violência que é exercido. Há formas de violência que passam despercebidas, que são socialmente aceitas e não vistas como tal. É frequente a banalização e até a romantização de alguns atos violentos.

“Existem diferentes formas de violência no namoro que podem acontecer de diferentes formas na relação de namoro. Por exemplo, as agressões verbais podem ocorrer antes de uma agressão física. Todas as formas de violência no namoro têm um objetivo comum: magoar, humilhar, controlar e assustar”, relata o especialista.

Vale lembrar ainda que a culpa da violência não é da vítima, e uma vez o suposto agressor denunciado na Lei Maria da Penha a denúncia não é arquivada, nem com o pedido da vítima de retirar a queixa na delegacia.  Em todas estas situações um acompanhamento psicológico e psiquiátrico é recomendado.

Confira a lista de sinais de Violência no namoro:

Violência Física
Por exemplo, quando o (a) namorado (a):
* empurra;
* agarra ou prende;
* atira objetos ao outro;
* dá murros, pontapés e/ou socos;
* ameaça usar a força física ou a agressão.

Violência sexual
Por exemplo, quando o (a) namorado (a):
* obriga o outro a praticar atos sexuais, mesmo quando aquele diz NÃO!
* acaricia o outro (ou força carícias), sem que aquele queira.
 
Violência verbal
Por exemplo, quando o (a) namorada (o):
* diz palavrões ao outro e/ou GRITA;
* humilha o outro, através de críticas e comentários negativos;
* intimida e AMEAÇA o outro.
 
Violência psicológica
Por exemplo, quando o (a) namorado (a):
* quebra ou estraga objetos ou roupa do outro;
* controla a maneira de vestir do outro;
* controla o que o outro faz nos tempos livres e ao longo do dia;
* telefona constantemente ou envia mensagens;
* ameaça terminar a relação como estratégia de manipulação.
 
Violência social
Por exemplo, quando o (a) namorado (a):
* humilha, envergonha ou tenta denegrir a imagem do outro em público, especialmente junto de familiares e amigos;
* mexe, sem consentimento, no celular, nas contas de e-mail ou na conta de Facebook do outro;
* proíbe o outro de conviver com os amigos e/ou com a família.