Cultura

Psiquiatra explica os sintomas do Transtorno obsessivo–compulsivo

Os sintomas podem ser de intensidade leve, mas não raro são muito graves e até incapacitantes

Medos exagerados de se contaminar, lavar as mãos a todo o momento, revisar diversas vezes a porta, o fogão ou o gás ao sair de casa, não usar roupas vermelhas ou pretas, não passar em certos lugares com receio de que algo ruim possa acontecer depois, ficar aflito porque as roupas não estão bem arrumadas no guarda-roupa, ou os objetos não estão exatamente no lugar em que deveriam estar; todos esses exemplos são sintomas característicos um transtorno: o transtorno obsessivo-compulsivo, ou TOC, e que são popularmente conhecidos como “manias” (de limpeza, de verificar as portas, de arrumação).

De acordo com o psiquiatra, Alberto Iglesias, o TOC é um transtorno mental caracterizado pela presença de obsessões, compulsões ou ambas. “As obsessões são pensamentos, impulsos ou imagens indesejáveis e involuntários, que invadem a consciência causando acentuada ansiedade ou desconforto e obrigando o indivíduo a executar rituais ou compulsões que são atos físicos ou mentais realizados em resposta às obsessões, com a intenção de afastar ameaças (contaminação, a casa incendiar), prevenir possíveis falhas ou simplesmente aliviar um desconforto físico”.

No TOC, os indivíduos procuram ainda evitar o contado com determinados lugares (banheiros públicos, hospitais, cemitérios), objetos que outras pessoas tocam (dinheiro, telefone público, maçanetas) ou até mesmo pessoas (mendigos, pessoas com algum ferimento) como forma de obter alívio dos seus medos e preocupações.

“Uma das características intrigantes do TOC é a diversidade dos seus sintomas (medos de contaminação/lavagens, dúvidas excessivas seguidas de verificações, preocupação exagerada com ordem/simetria ou exatidão, pensamentos de conteúdo inaceitável (violência, sexuais, ou blasfemos), compulsão por armazenar objetos sem utilidade e dificuldade em descartá-los – ou colecionismo). Um mesmo indivíduo pode apresentar uma diversidade de sintomas, embora geralmente exista um que predomine”.

O especialista explica que é necessário estabelecer um diagnóstico de TOC. “É necessário que as obsessões ou compulsões consumam um tempo razoável (tomam mais de uma hora por dia) ou causem desconforto clinicamente significativo, ou comprometam a vida social, ocupacional, acadêmica ou outras áreas importantes do funcionamento do indivíduo”

Sintomas

Os sintomas obsessivo-compulsivos não podem ser atribuídos ao efeito fisiológico direto de uma substância (droga de abuso ou a uma medicação) ou a outra condição médica, como doenças psiquiátricas, que também podem ter entre seus sintomas – obsessões e ou compulsões (dependência a drogas, comer compulsivo, jogo patológico). As obsessões e compulsões também não podem ser consequência de doenças neurológicas.

Considerado raro até a pouco tempo, o TOC é um transtorno mental bastante comum, acometendo aproximadamente um em cada 40 a 60 indivíduos ou ao redor de 2,5% das pessoas ao longo da vida, ou ao redor de 1%, em determinado momento.
No Brasil, é provável que existam ao redor de 2 milhões de indivíduos com o transtorno. Seu início em geral é na adolescência, mas não raro, na infância.

“Os sintomas podem ser de intensidade leve, mas não raro são muito graves e até incapacitantes. O TOC tende a ser crônico, com os sintomas crescendo ou diminuindo de intensidade ao longo do tempo. Se não tratado, pode acompanhar o indivíduo ao longo de toda a sua vida, pois raramente melhora espontaneamente” finaliza.