Cotidiano

Professores estaduais anunciam greve a partir do próximo dia 10

Depois do movimento grevista na Universidade Federal de Roraima (UFRR), agora os professores do Estado também vão cruzar os braços

Trabalhadores em educação do Estado se reuniram, na tarde de ontem, em assembleia extraordinária, na sede do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Roraima (Sinter ), para deliberarem a respeito do indicativo de greve. Após muitas discussões, os professores da rede estadual decidiram pela aprovação da greve.

A Organização dos Professores Indígenas de Roraima (Opirr) anunciou que vai se unir aos demais educadores com o objetivo de que as demandas enviadas ao Estado também sejam atendidas. Os técnicos da educação preferiram continuar as negociações com a administração estadual, por isso não irão participar do movimento de greve que se iniciará partir do dia 10.

Os professores cobram o cumprimento da lei que assegura que o profissional possa trabalhar em um único período, considerando que a legislação beneficia aqueles que foram aprovados em dois concursos. Neste caso, segundo o governo, o educador deveria escolher apenas um cargo para exercer suas funções estatutárias. Reclamam ainda que alguns profissionais concluíram o curso de doutorado e continuam sendo remunerados como graduados.

O presidente do Sinter, Ornildo Roberto, informou que nenhum representante do governo havia dado sinal favorável às solicitações que foram encaminhadas e, não havendo alternativa, a necessidade obrigava a deflagração da greve. “Está na lei que nós temos 72 horas para avisar ao governo e ao Ministério Público, assim como à sociedade, os motivos pelos quais levaram os trabalhadores da categoria a deflagrarem a greve”, frisou.

“Nós estivemos com o governo dia 08 de julho e já afirmávamos para a secretária de Educação [Selma Mulinarai] e para a cúpula administrativa que éramos contra, por exemplo, a revogação da lei 892 [que dispõe sobre a criação do Plano de Cargos, Carreiras e Remunerações, o PCCR], mas a Proge [Procuradoria-Geral do Estado de Roraima] sugeriu ao governo que a lei tem várias inconsistências e que não deveria ser aplicada. Ou seja, é uma lei que desde 25 de janeiro de 2013 foi votada e sancionada pelo governo, mas que não enquadra os profissionais nela”, frisou o presidente do Sinter.

O professor Luiz Albino de Sousa pediu que os educadores não aproveitassem a greve para descansar ou viajar e que o momento é de união. “Temos que estar todos os dias na praça, senão, nada do que a gente votou vale a pena. Temos que mostrar força”, pontuou. Durante a discussão, dez profissionais foram escolhidos para falar sobre o indicativo de greve. Cinco se manifestaram a favor e cinco se manifestaram contra. Em alguns momentos, os ânimos estavam exaltados, no entanto, a mesa diretora pediu que os professores fossem pacíficos e não repetissem o episódio da semana passada, quando chegaram a agredir-se fisicamente.

Na próxima segunda-feira, 10, a greve, por tempo indeterminado, passa a valer até que o governo decida por uma negociação que seja satisfatória à classe educadora. Os órgãos estaduais a quem compete conhecimento da greve e a administração estadual serão notificados pelo comando do movimento a partir de hoje.

TÉCNICOS – Os técnicos em infraestrutura escolar – secretários, vigias, zeladores, merendeiros e assistentes de aluno -, de ensino fundamental e médio, destacaram que as demandas que os professores enviaram à administração do Estado não representam os anseios da categoria deles.

“Nós acreditamos que a luta dos educadores é válida, mas nunca tivemos a possibilidade de discutir o nosso PCCR, que está em processo de negociação com o governo. Por este motivo, não vamos participar da greve”, disse o técnico Francisco Edísio Marculino.

INDÍGENAS – O presidente da Opirr, Misaque de Souza, esclareceu que os professores indígenas estão reforçando o comando de greve com os demais profissionais por entender que as condições estruturais das escolas são precárias. “Não tem escola, não tem merenda, não tem transporte escolar de boa qualidade, além de faltar mão de obra. Então, vamos nos juntar pela mesma causa”, frisou.