Cotidiano

Produtos alimentícios contrabandeados da Venezuela são apreendidos na fronteira

A quantidade de produtos apreendidos na fronteira aumenta de acordo com a desvalorização da moeda venezuelana

Desde o início do ano, fiscais da Superintendência Federal de Agricultura em Roraima (SFA-RR) apreenderam, no posto de fiscalização de Pacaraima, município ao Norte do Estado, na fronteira com a Venezuela, cerca de 12 mil ovos, 400 quilos de frango, 300 abacaxis, 650 kg de milho em grãos, 1,4 mil mudas de orquídeas e 500 kg de ração canina, vindos do país vizinho. A desvalorização da moeda venezuelana contribuiu para o aumento do contrabando de produtos de origem animal e vegetal.
O diretor de defesa agropecuária da SFA-RR, Airton Silveira, destacou que as apreensões foram feitas entre os meses de janeiro e abril. “No final do ano passado, a moeda venezuelana desvalorizou muito em relação ao Real. O câmbio ficou muito mais vantajoso para o brasileiro que realiza compras no país vizinho”, explicou.
Apesar de a Venezuela ter proibido a saída de diversos produtos de gênero alimentício, muitos acabam atravessando as mercadorias por desvios e estradas ilegais. “Quando estes produtos chegam em solo brasileiro, são comercializados em alguns supermercados e até mesmo em feiras. Os comerciantes chegam a vendê-los pelo dobro do preço, obtendo um lucro de 100% nas mercadorias”, observou.
Conforme o diretor de defesa agropecuária, a entrada de produtos de origem vegetal e animal em território brasileiro representa risco devido às pragas e doenças. “Uma fruta vinda da Venezuela pode estar contaminada com a mosca da carambola. Essa praga impede que os frutos contaminados sejam comercializados. Já a carne bovina ou de frango, não sabemos como ela foi acondicionada e se está em condições de consumo”, frisou.
Silveira informou que alguns dos produtos apreendidos são destinados à doação. “Os ovos representam risco mínimo de contaminação, então todas as unidades apreendidas são doadas para o programa Mesa Brasil do Governo Federal. As rações não representam risco, mas não podem ser comercializadas no Brasil porque não possuem certificação, então elas são encaminhadas para a zoonose em Boa Vista e para as instituições militares e policiais que trabalham com cães”, destacou.
O diretor de defesa agropecuária informou que o posto de fiscalização funciona todos os dias até as 18 horas, horário em que os fiscais contam com o apoio da polícia. “Ainda não temos como permanecer com o posto aberto 24 horas. É arriscado realizar fiscalizações sem reforço policial, pois sofremos ameaças. Estamos nos reunindo com os demais órgãos que atuam na fronteira, como a Polícia Federal, Receita Federal e Exército para promovermos ações integradas regularmente. Hoje já contamos com o apoio deles apenas quando solicitado”, frisou. (I.S)