Cotidiano

Produtores dão início à colheita de soja

Em Alto Alegre, Bonfim e Boa Vista foram 25 mil hectares com plantio do grão, 40% a mais que no ano passado

Ainda dando os primeiros passos no crescimento da produção agropecuária no Brasil, o Estado de Roraima caminha para um desenvolvimento produtivo de seu principal produto de exportação: a soja. Cerca de 50 produtores dos municípios de Alto Alegre, Bonfim e Boa Vista, que plantaram 25 mil hectares do grão, 40% a mais em relação ao ano passado, que teve 16 mil hectares, preparam-se para colher mais de um milhão de sacas na safra 2015/2016.

A Abertura Oficial da Colheita de Soja ocorre nesta sexta-feira, 11, no auditório da Faculdade Cathedral, com palestras de empresários rurais e agricultores do setor. No sábado, 12, haverá o Dia de Campo, que marcará o início da colheita na Fazenda Vista Montanha, localizada no município de Bonfim, ao Leste de Roraima, devendo reunir cerca de 1,5 mil pessoas para mostrar os avanços na produção do grão no Estado.

O tempo do plantio da safra durou, em média, 120 dias, de acordo com o ciclo da cultura da soja, mas os trabalhos de campo duraram o ano inteiro. Para os produtores, o favorecimento do clima na região, com a predominância de tempo ensolarado e pancadas de chuva que caíram no momento certo, foi um dos principais fatores para a qualidade do plantio. O investimento em novos maquinários influenciou no aumento da escala de produção.

Segundo o produtor e presidente da Comissão dos Organizadores da Colheita, Alcione Nicoletti, a safra atual da soja deve gerar aproximadamente R$ 100 milhões em receita bruta para o Estado, gerando emprego e movimentando a economia local. “Roraima tem uma particularidade importante, que é o fato de não termos grandes produtores, mas somente pequenos e médios. A grande maioria vem de outros estados e isso é bom para a economia local”, destacou.

Cerca de 95% da área plantada de soja é da variedade BRS Tracajá, um tipo convencional com alto potencial de rendimento e com ampla adaptação e estabilidade de produção. Os outros 5% pertencem às variedades BRS 8381 e 7980, que, aos poucos, vêm ganhando espaço entre os produtores após estudos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que mostraram a precocidade da produção e a possibilidade da implementação de novas culturas depois da colheita.

“Essas novas culturas desenvolvidas e testadas pela Embrapa Cerrado são extremamente importantes porque se dá uma dinâmica maior para o negócio. Além de colher bem, abre espaço para outro tipo de produção, como a bovinocultura. Os valores em relação ao Tracajá não são diferentes, o que muda é a técnica, que implica custos”, destacou Nicoletti.

Ao custo de R$ 70,00 a saca, uma das mais valorizadas do País, toda a produção deverá ser exportada para o mercado europeu. Países como Holanda e Rússia estão entre os principais compradores. “É um pouco acima do preço praticado em outros estados por dois motivos: Logística favorável e soja não transgênica. A soja daqui está sendo colhida exatamente na época que a Europa precisa e isso eleva o valor do grão e potencializa a produção de Roraima”, ressaltou.

Soja é o principal produto de exportação de Roraima

A crise econômica enfrentada por muitos países da zona do Euro, no entanto, deve ser empecilho na exportação. “O Brasil está passando por um momento de instabilidade e isso deixa o investidor com medo, então o preço da soja acaba caindo e os agricultores esperam por boas notícias até conseguirem vendê-la”, explicou o produtor.

Ainda assim, a soja foi o principal produto exportado por Roraima no primeiro semestre deste ano, representando 71% na pauta de exportações, mas apresentou queda de 75% nas vendas. A exportação do grão, que em 2014 rendeu US$ 15,6 milhões, referente a 23 mil toneladas, em 2015 rendeu apenas US$ 3,9 milhões, com a venda de 10 mil toneladas.

Apesar de ser classificado como um Estado de pouca expressão na produção de soja, Roraima vem crescendo e espera alavancar ainda mais o setor para as próximas safras. “A gente estima crescer e chegar à casa dos 45 ou 48 mil hectares na próxima safra”, frisou.

Estado tem mercado diferenciado

Plantar grãos em uma região isolada do País tem um preço elevado, mas também vantagens. Em Roraima, o desembolso para o cultivo da soja fica em torno de R$ 1,8 mil por hectare e o custo total em mais de R$ 2,3 mil por hectare. Os valores são comparados aos cotados para a safra 2014/15 em Mato Grosso, estado líder em produção no País e que tem uma agricultura mais onerosa por conta das distâncias que a safra precisa percorrer entre origem e portos.

Por ter oferta disponível numa época em que o Brasil praticamente já exportou todo seu excedente, Roraima tem um mercado diferenciado. Os preços passam de R$ 70 por saca, perto de R$ 4 acima dos pagos em praças tradicionalmente valorizadas.  (L.G.C)