Polícia

Presos tentam fuga histórica ao arrombar portão na Penitenciária

Cerca eletrificada na muralha do presídio ajudou a Polícia Militar a impedir a maior fuga em massa da Pamc

Mais de 400 presos tentaram fugir da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc), na zona rural de Boa Vista, na noite de domingo, 03. A fuga em massa, que poderia ter sido a maior já registrada no sistema prisional de Roraima, só foi evitada por conta de um alambrado com concertinas e das cercas eletrificadas instaladas na muralha do presídio.

Agentes penitenciários que estavam na unidade prisional no momento da tentativa de fuga informaram à Folha que os detentos da ala conhecida como “Cadeião” arrombaram os cadeados das celas e utilizaram barras de ferro e madeira amarradas em colunas de concreto, como uma espécie de aríete, para arrombar o portão. Assim que conseguiram, partiram em direção a área externa da Penitenciária.

A Polícia Militar (PM) efetuou tiros de borracha, porém não foi suficiente pela audácia dos criminosos, que jogaram pedras nos policiais. Após conseguir derrubar o portão, vários deles tentaram sem sucesso pular o alambrado que estava eletrificado e tiveram que desistir da fuga.              

Enquanto uns derrubavam o portão, outros apedrejavam os policiais que estavam nas guaritas. “Poderia ser a maior fuga da história do Brasil. Pegaram a coluna, arrombaram o portão e partiram em direção à parte externa, mas quando chegaram à cerca eletrificada não conseguiram fugir. Teve tiro para reprimir, bomba de efeito moral, mas ninguém conseguiu escapar”, disse um agente penitenciário.  

FUGAS – A maior fuga em massa já registrada no sistema prisional de Roraima ocorreu em fevereiro de 2016, quando cerca de 50 detentos escaparam da Pamc utilizando escadas para pular o muro ao lado da guarita 6, que estava desguarnecida.

Se tivessem conseguido fugir no domingo, 03, a fuga dos 400 presos seria de longe a maior já registrada na história do sistema prisional brasileiro. A maior ocorreu em maio deste ano, quando 91 detentos escaparam da Penitenciária Estadual de Parnamirim, no Rio Grande do Norte, por um túnel de aproximadamente 30 metros de extensão.

Ainda na noite de domingo, o governo do Estado havia informado que policiais militares, agentes penitenciários e da Força Nacional de Segurança contiveram a tentativa de fuga na Pamc na noite de domingo. “Os detentos quebraram cadeados das celas e tentaram forçar o portão, mas foram contidos pela cerca elétrica e pelos policiais que fazem a guarda no presídio. Ninguém fugiu do local e a segurança foi reforçada”, frisou.

Durante a contenção foram disparados tiros com balas de borracha onde o preso Frank Mario Mangabeira da Silva foi ferido superficialmente.  Os presos atiraram pedras nas guarnições e atingiram um policial militar na cabeça, mas o ferimento foi superficial.  Ambos foram socorridos e receberam alta médica.
 
Vamos endurecer ainda mais o jogo, diz secretário da Sejuc
 
Em entrevista à Folha, o secretário estadual de Justiça e Cidadania, Ronan Marinho, negou que tentativa de fuga tivesse alcançado 400 presos e afirmou que apenas 100 presos foram contidos pelos policiais militares na guarita e pela cerca elétrica. Também negou que os presos tivessem utilizado colunas de concreto para arrombar o portão da ala, mesmo com fotos mostrando que o material foi usado na tentativa de fuga. “Não utilizaram coluna, apenas um pedaço de madeira amarrados numa barra de ferro para arrebentar o portão. A coluna é resto de obra”, alegou.

Questionado se a tentativa de fuga em massa expôs ainda mais a fragilidade estrutural e de segurança da maior unidade prisional de Roraima, Marinho rebateu afirmando que vai endurecer o jogo contra os presos. “Expõe que o plano integrado de segurança está funcionando, porque foram centenas de presos contidos e vamos reforçar ainda mais o dispositivo de segurança. Não descartamos a transferência de presos para fora do Estado e vamos responsabilizar todos os envolvidos nessa ação”, frisou. (L.G.C)