Polícia

Presos morrem na Penitenciária Agrícola durante briga de facções criminosas

A informação preliminar da Sejuc é de que dez presos morreram, sendo sete carbonizados e dois, decapitados

No início da tarde de ontem, dia 16, uma confusão entre detentos que pertencem a grupos rivais dentro da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc), na zona Rural, terminou com alguns feridos e ao menos dez mortos. Destes, sete foram carbonizados e dois, decapitados. O fato aconteceu no momento em que os presos da ala 14 invadiram a ala 12.

O tumulto começou enquanto familiares aguardavam do lado de fora para fazer a visita programada e ouviram a gritaria, tiros e bombas. Em alguns minutos muitas viaturas chegaram ao presídio. “Era polícia que não acabava mais. Pelo jeito teve morte. Essa penitenciária é uma bagunça. A gente vivia dizendo que tem que separar os presos, mas eles continuam no mesmo lugar. Em pouco tempo a gente só ouvia os gritos e barulho de tiro e de bomba. A gente fica desesperado porque nossos filhos, esposos, pais e irmãos estão aí dentro”, explicou uma dona de casa que aguardava horário da visita.

Outro familiar pediu socorro à imprensa para registrar a rebelião. “Gente, pedimos uma reportagem aqui na penitenciária. Está a maior coisa e já mataram presos. Peço que venham e ajudem a gente”, reforçou.

Um policial militar informou à Folha que há uma rivalidade entre os grupos e que nos últimos dias, com as tentativas de fuga, houve brigas. “Faz uns cinco dias que os ânimos estão alterados. Eles não se respeitam e depois da bagunça que eles fazem a gente acaba juntando o resto”, comentou.

De acordo com a Polícia Militar, cerca de 50 familiares que estavam no presídio no momento da confusão foram feitos reféns, mas após negociação, todos foram liberados, sem ferimentos.

Cerca de 80 policiais que atuam no Batalhão de Operações Especiais (Bope) e agentes penitenciários que estavam de folga também entraram na unidade prisional a fim de dar apoio na contenção dos rebelados. Uma ambulância com equipe do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) também entrou na unidade para atender aos feridos e confirmar as mortes.

Durante a confusão, alguns visitantes afirmam que homens empunhavam materiais que pareciam chaves de fendas, que eram cortantes e perfurantes. “Era feito de ferro, aí eles amarram tecido em uma das pontas e deixa a outra ponta afiada. É assim que eles fazem armas dentro da prisão”, explicou um familiar.

Ainda na noite de ontem, os presos foram encaminhados para as alas, onde foram trancados. Equipes do Instituto de Medicina Legal (IML) foram à Penitenciária para fazer a remoção dos corpos e somente após todos serem retirados é que haverá a contagem dos reeducandos.

À Folha, a vice-presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários de Roraima (Sindape), Joana D’arc Moura, disse que a situação que ocorreu na PAMC é apenas o reflexo do descaso do Governo com o sistema prisional no Estado. “Infelizmente, isso é reflexo do descaso do Governo frente a esta situação. Não há equipamentos de segurança, o quantitativo de pessoal é insuficiente para prestar serviço, e os agentes estão trabalhando acima do seu limite”, relatou.

GOVERNO – Em nota, a Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania (Sejuc) confirmou que foi registrada uma rebelião na Pamc na tarde de ontem durante o horário de visitas. De acordo com o secretário da Sejuc, Uziel Castro, detentos da ala 14 quebraram os cadeados da ala e invadiram a ala 12. Houve ainda a tentativa de invasão da carceragem do presídio, mas os presos foram repelidos.

Quanto à declaração da vice-presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários, a Sejuc descartou que a rebelião registrada na Pamc tenha sido causada pela falta de equipamentos ou agentes penitenciários na unidade prisional. “O tumulto foi motivado por uma rivalidade entre os detentos, que acabaram entrando em confronto. Houve uma tentativa de invasão da carceragem do presídio, o que foi prontamente repelido pelos agentes de plantão.

“O Governo do Estado de Roraima lamenta e condena o ocorrido, gerado pela rivalidade entre detentos que culminou nesta tragédia.  O caso será investigado e os responsáveis serão punidos conforme prevê a Lei de Execuções Penais (LEP)”, concluiu. (J.B)