Nos últimos anos, a Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc) passou a ser um local de muita tensão, devido às ocorrências que resultaram em mortes e sucessivas fugas. Na manhã de ontem, dia 17, todos os holofotes tornaram a ser direcionados para o presídio, depois que um preso, identificado como Josenildo da Silva Santana, de 30 anos, foi morto e esquartejado. Em seguida, os detentos iniciaram uma rebelião que resultou em dois feridos por arma de fogo.
De acordo com as informações de agentes penitenciários, a motivação da morte foi uma rixa pessoal entre presos da Ala 12. Depois que tomaram conhecimento do fato, os agentes disseram que foram até a ala, juntamente com os policiais militares que fazem a guarda, mas os presos relutaram em entregar o corpo e investiram contra as guarnições.
Os agentes contaram ainda que a presença deles e da Polícia Militar foi o princípio do motim, que se generalizou pelas demais alas, inclusive, alguns presos partiram para cima das equipes. “Eles queriam levar o corpo para enterrar dentro do presídio e, diante da intervenção policial, iniciaram a rebelião, mas pouco depois o tumulto foi controlado. Tivemos que atirar para repelir a injusta agressão”, comentou um agente.
Conforme as equipes, inicialmente foram usadas balas de borracha para dispersar os detentos, mas como não conseguiram afastar os que estavam mais exaltados, acabaram atirando com munição letal. Três detentos que teriam tentado a agressão foram alvejados e tiveram que ser socorridos às pressas ao Pronto Socorro Francisco Elesbão, no Hospital Geral de Roraima (HGR).
O corpo foi retirado para fora da Ala e tanto a perícia quanto o Instituto de Medicina Legal (IML) foram acionados. Ao fim dos procedimentos técnicos, realizados pelos peritos, as sete partes do cadáver foram colocadas em um saco cadavérico e o pacote removido até a sede do Instituto para identificação e exame de necropsia.
Uma equipe da Delegacia-Geral de Homicídios (DGH) também compareceu ao presídio para iniciar as investigações a respeito do caso, uma vez que é necessário identificar os presos envolvidos na morte e esquartejamento. Eles devem ser disciplinados conforme a Lei de Execuções Penais (LEP), assim que a autoria for confirmada.
GOVERNO – A Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc) confirmou, por meio de nota, que na manhã de ontem, 17, um detento foi morto por outros presos, outros ficaram feridos na Pamc e que as causas da morte serão apuradas pela Sejuc.
Informou também que durante a remoção do corpo, houve tentativa de rebelião, que foi contida pelos policiais militares e agentes penitenciários de plantão no local, que precisaram dar tiros de advertência. Três detentos ficaram feridos.
DIREITOS HUMANOS – A Comissão dos Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Roraima (CDH/OAB) entrou em contato com a Folha para informar que foi acionada e uma equipe vai ao presídio para obter as informações a respeito da morte e dos presos feridos, inclusive disse ter contactado o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) pelo fato de aproximadamente 50 estrangeiros estarem presos, aguardando julgamento e, poderiam estar entre os feridos ou terem sido a vítima do homicídio. (J.B)
