Cotidiano

Presidente afirma que situação no interior ainda é “herança da CERR”

Após a matéria publicada pela Folha na edição de ontem, 26, que relatou a situação enfrentada pelos moradores de vilas e vicinais do Cantá, quanto às interrupções frequentes no fornecimento de energia elétrica, o presidente da Eletrobras Distribuição Roraima, Anselmo de Santana Brasil, procurou a Folha para justificar o problema. Segundo ele, a empresa está ciente da situação e segue trabalhando em busca de melhorias.

Os principais problemas hoje enfrentados pela Eletrobras Distribuição Roraima, segundo o presidente, são os fatores climáticos, a comunicação com áreas remotas do estado e, principalmente, a deterioração da rede, uma “herança” deixada pela Companhia Enérgica de Roraima (CERR). “Entendo que temos que começar a fazer mais investimentos. Quando assumimos, previ que em três meses conseguiríamos melhorar e regularizar consideravelmente o sistema. Senti que já apresentamos melhoras, mas ainda falta muito coisa a se fazer. Não conhecíamos a ‘herança’ que recebemos. Temos hoje problemas diversos, como árvores na rede, concepção de projetos, linha de transmissão, entre outros. Pegamos tudo já sucateado”, afirmou.

O presidente afirmou que agora a Eletrobras está com equipes de plantão 24h em todos os municípios do estado para pronto-atendimento. “Li a matéria da Folha atentamente. Um morador falou que sofre com o problema há seis anos. Como poderemos resolver um problema que já perdura a tanto tempo em poucos meses de atuação? É complicado”, disse.

Medidas já foram tomadas pela Eletrobras após a reclamação dos moradores, principalmente levando em consideração os cinco dias em que ficaram sem energia elétrica no município do Cantá. “Estamos com equipes lá na localidade. Nosso pessoal de projeto já foi para melhorar a rede. O problema maior no Cantá é a comunicação, mas já estamos tomando providências para solucionar isso. Peço que os moradores reclamem sim, mas reclamem no local certo. Venham na empresa. Tenho interesse no atendimento e é um dever nosso resolver o problema”, garantiu.

Ainda segundo o presidente, recentemente alguns postes caíram na região do Cantá e isso foi um dos motivos na interrupção do serviço na localidade. “Lá caíram dois postes e saímos daqui programados para trocar os dois postes. Não é uma operação simples e necessita de uma programação, de material, pessoal e etc. Quando chegamos lá, descobrimos que os dois postes que caíram puxaram mais três”, citou.

Os fatores climáticos e as peculiaridades da região também afetam o fornecimento de energia elétrica. “Já aconteceu de não podermos chegar numa região por encontrar-se alagada, ou seja, os moradores ficaram ilhados e nós também não tivemos como ir resolver o problema. Nesse período de chuvas acontecem muitos problemas, mas estamos nos organizando para que nenhuma localidade sofra tanto com isso”, relatou Santana.

PROJETOS FUTUROS – Ainda segundo o presidente da Eletrobras Distribuição Roraima, a empresa está organizando uma série de projetos para tornar Roraima, futuramente, não apenas consumidora de energia elétrica, mas exportadora. Segundo ele, o estado possui fontes alternativas para gerar energia.

“Somos a única capital no Brasil que possui geração térmica suficiente para aguentar o fornecimento, caso a linha de transmissão da Venezuela caia, até restabelecer o sistema. É uma operação evidentemente cara, porque utilizamos muito óleo diesel, mas conseguiríamos manter o serviço. Isso a população pode ficar despreocupada”, garantiu.

O presidente afirmou ainda que em breve a Usina de Jatapu, localizada no Centro-Sul do Estado, será inaugurada para funcionamento. “Essa usina será uma das fontes alternativas. Também temos projetos de biomassa, usina fotovoltaica [utiliza a luz solar] e uma usina híbrida na região do Bonfim. Todos esses projetos serão encaminhados nos próximos dias. O futuro em Roraima é promissor, existem boas alternativas para gerar energia. Temos grandes chances de nos tornarmos um estado produtor de energia e não só consumidor. É uma visão futurista. Temos uma logística muito boa, pela proximidade com outros países, fontes naturais, entre outros”, disse. (C.C)