Cotidiano

Prefeitos de municípios do Sul vão pedir apoio do Exército

Gestores vão se reunir na próxima semana e elaborar um relatório sobre os impactos da migração venezuelana nos municípios

A chegada em massa de imigrantes venezuelanos aos municípios da região Sul do Estado, impactando no sistema de saúde, educação e ocupações de prédios públicos, motivou os prefeitos a elaborarem um relatório contendo dados do fluxo migratório que será entregue na próxima semana ao Exército Brasileiro, responsável por coordenar as ações humanitárias em Roraima.

Segundo o prefeito de São João da Baliza, Marcelo Jorge (Pros), o número de imigrantes vem aumentando a cada dia e eles já começam a se abrigar nas ruas, praças, rodoviária e isso está impactando o município com crescimento do número de atendimento nos postos médicos e a procura por matrícula nas escolas tem sido cada vez mais frequente.

“Temos que buscar uma solução imediata para resolver este problema, que não está restrito apenas a capital Boa Vista. Aqui não temos condições nenhuma de ceder abrigo aos imigrantes por conta da nossa limitação de recursos. A rede estadual, bem como o sistema de saúde municipal, não estão preparados para receber centenas de imigrantes e isso já começa a preocupar todos os prefeitos dos municípios da região Sul e não podemos deixar que essa situação escape do nosso controle”, disse.

Marcelo informou que manteve contato com os prefeitos de São Luiz, James Batista (MDB), Rorainópolis, Leandro Pereira (PSD), e de Caroebe, Argilson Martins (PSDB), e marcaram uma reunião na próxima semana para avaliarem os impactos nas áreas de saúde, segurança e educação para então pedir ajuda do Exército Brasileiro.

“Além do grande número de imigrantes perambulando pelas ruas, outro problema começa a surgir em razão de tentarem ocupar prédios públicos e residências para se abrigarem. Não temos como ceder nenhum espaço e a solução que encontramos foi buscar a ajuda do Exército, que é responsável por esta logística de acolhimento. Temos conversado e solicitado que os grupos desocupem os locais públicos e particulares, mas a cada dia chegam dezenas de imigrantes que se deslocam da capital aos municípios da região sul”, detalhou.

Prédios públicos em São Luiz e Caroebe servem como abrigo

Um morador, que optou por não ser identificado, informou que os imigrantes não param de chegar ao município de São Luiz e de lá se deslocam para São João da Baliza, Caroebe e a vila Entre Rios. Três prédios públicos, que estavam desativados, foram ocupados por famílias venezuelanas.

“Como todos sabem, o município não tem como abrigar essa quantidade de venezuelanos que a todo momento chega e procura locais para se abrigar. Na rodoviária temos três famílias morando e os postos de saúde, hospitais e escolas estão tendo uma forte demanda pela procura de atendimento dos imigrantes”, relatou.

No município de Caroebe, a situação se repete, segundo informou a moradora Maria Rosa dos Santos, ao detalhar que a praça está servindo de abrigo temporário. “Como consequência negativa, além de impactar o aumento na demanda dos atendimentos da saúde, o município está com um índice de violência acima do normal com vários assaltos. Essa migração traz infelizmente este reflexo negativo”, comentou.

Dez municípios têm venezuelanos em situação de vulnerabilidade

As ações da Força Tarefa Logística Humanitária estão centralizadas em dois municípios do Estado: Boa Vista e Pacaraima. A missão da Força Tarefa é colaborar com os governos federal, estadual e municipal, para amenizar os reflexos da crise migratória e prestar apoio logístico em transporte, reestruturação e construção de abrigos, atendimento básico de saúde aos imigrantes, segurança nas instalações dos abrigos e auxílio no processo de interiorização.

Com relação ao relatório que será encaminhado pelos prefeitos dos municípios da região Sul na próxima semana, o assessor de comunicação social da Força Tarefa, tenente-coronel Rodrigo de Lima Gonçalves, disse que os números ainda estão sendo contabilizados nos demais municípios, e no levantamento preliminar realizado pelo Exército, Boa Vista e Pacaraima concentram os maiores índices de vulnerabilidade.