Polícia

Policial reage a assalto e é baleado em troca de tiros

À Folha, policial rodoviário federal contou que agiu instintivamente para proteger a vida dele e de quem estava no local

Sentar numa mesa de lanchonete não é mais um simples programa, uma vez que com o aumento do índice de violência na Capital, os frequentadores desse tipo de estabelecimento comercial precisam ficar atentos a quem se aproxima, entra e sai dos locais. Na noite do domingo, dia 18, por volta das 22h, um policial rodoviário federal, de 35 anos, reagiu a um assalto enquanto estava na companhia de uma amiga, numa hamburgueria localizada na rua Barão do Rio Branco, Centro de Boa Vista, próximo à Praça da Bandeira. Por conta da ação criminosa, o policial acabou ferido no braço com um tiro.

A Polícia Militar (PM) informou por meio do Relatório de Ocorrência Policial (ROP) que foi acionada via Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops) para averiguar o assalto com disparo de arma de fogo e, assim que chegou ao local do fato, encontrou o policial e a amiga dele. Ambos contaram que os elementos de origem brasileira chegaram ao estabelecimento, armados, anunciaram o assalto e tomaram o celular da mulher.

Temendo que um dos indivíduos tivesse visto a arma em sua cintura, o policial reagiu e efetuou disparos contra os assaltantes, no entanto, foi alvejado no braço direito durante a troca de tiros. Os criminosos não foram atingidos pelos disparos da arma do PRF e conseguiram fugir em direção à avenida Benjamin Constant.

Durante as diligências, a guarnição conseguiu localizar o aparelho telefônico da vítima, fazendo o rastreamento via satélite. O celular estava dentro da Casa da Cultura, prédio abandonado no Centro da Capital. As vítimas foram conduzidas à Central de Flagrantes para prestar esclarecimentos. O celular foi apresentado ao delegado antes de ser restituído à proprietária.

Durante depoimento, o policial relatou que os dois indivíduos estavam a pé e identificou que uma das armas era um revólver calibre 38. Toda a ação foi gravada pelo sistema de segurança da lanchonete, inclusive, no exato momento do roubo aparecem outros clientes correndo, deitando-se no chão e se arrastando para fugir dos bandidos.

Uma grande quantidade de policiais rodoviários federais, assim como a PM, iniciaram buscas na área do Caetano Filho, o “Beiral”, mas não conseguiram localizar qualquer suspeito. (J.B)

PRF diz que “instinto de proteção falou mais alto”

O policial rodoviário federal que reagiu ao assalto na noite de domingo, dia 18, enquanto estava na companhia de uma amiga, numa lanchonete, falou o momento de tensão que viveu. Ele atirou contra os dois criminosos que anunciaram o roubo. O assalto ocorreu à distância de 500 metros da casa da governadora Suely Campos.

Em entrevista à Folha, o policial, que não quis ser identificado, afirmou que agiu por instinto. “Quando eles anunciaram o assalto, eu tinha milésimos de segundo para tomar uma atitude. Então, instintivamente a gente age tanto para proteger a nossa vida, como de todos que estavam ali naquele momento. Foi uma questão de proteção, uma ação para acabar com a atitude deles e evitar que as pessoas fossem assaltadas e feridas”, disse o policial.

Toda a ação foi registrada pelo circuito de câmeras de monitoramento da lanchonete. As imagens mostram quando um dos ladrões aponta a arma para as vítimas. Em seguida, o policial se levanta da cadeira, saca a arma que estava na cintura, reage fazendo alguns disparos e os elementos fogem.

A Folha entrou em contato com um especialista em segurança pública para analisar o momento do crime. Ele não quis ser identificado, mas garantiu ter sido “legítima” a ação do policial. “Ele agiu no estrito cumprimento do dever legal porque ele é um policial 24 horas. O PRF usou o método de proteção da sua própria vida e de terceiros, no caso os frequentadores do local, uma ação perfeitamente legítima. Se você prestar bem atenção no vídeo, o bandido vem direto nele, e meio que percebe que ele vai reagir, porém muda o foco ‘pra’ acompanhante do policial. Foi o momento crucial para ele reagir. Talvez ele não estivesse vivo hoje se não tivesse reagido e o cara o tivesse revistado e descoberto que se tratava de um agente da segurança pública”, afirmou.

Para o especialista, a vida policial é diferente e, mesmo preparado para ações desse tipo, no momento em que ocorrem, as reações são individuais. “Você sendo uma pessoa comum pode até não reagir, mas a sua vida não está cem por cento segura de que será poupada. Agora, um policial é quase certeza que, se for descoberto, será morto na frente de todos. Então ele fez o certo, pela vida dele e pela vida dos que estavam ali naquele momento. Poderia ter neutralizado algum dos assaltantes, mas só em sair com a vida dele, esse policial foi o vitorioso nessa noite”, concluiu. (J.B)