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Polícia Civil investiga quadrilha especializada em furto de gado

A palavra abigeato pode até ser desconhecida para muita gente, mas trata-se de um crime cada vez mais comum nos municípios do interior de Roraima: o furto de animais no campo. Após o registro de 130 casos nos anos de 2016 e 2017, a Polícia Civil identificou a existência de uma quadrilha especializada em crimes do tipo.

Na tentativa de apertar o cerco contra os criminosos, a Polícia Civil anunciou parceria com a Agência de Defesa Agropecuária (Aderr) e a Vigilância Sanitária Estadual para investigar a subtração de animais, principalmente domesticados, como os de carga e para abate, nas fazendas localizadas nos municípios de Mucajaí, Iracema, Caracaraí e Alto Alegre, onde os crimes ocorrem com maior frequência.

Os trabalhos iniciaram há cerca de um ano, após a Cooperativa Agropecuária de Roraima (Coopercarne) apresentar ofício à Delegacia-Geral informando o crescimento dos casos. “Fazendeiros e pequenos produtores dessas regiões procuraram a polícia para denunciar que estavam sendo reiteradamente furtados. Os ladrões entram nas fazendas, furtam bois, carneiros e porcos, e abatem os animais”, disse a delegada-geral da Polícia Civil, Edinéia Chagas.

Conforme a delegada, a investigação começou com o levantamento dos crimes e onde ocorriam. “A partir daí descobrimos que açougues compram a carne em condições insalubres e vendem ao consumidor. Além de descobrirmos a existência de quadrilha que está furtando esses animais e vendendo para garimpos”, informou.

O último caso ocorreu há duas semanas, em Mucajaí, região Centro-Oeste do Estado, quando um comerciante, de 42 anos, foi preso por ter exposto à venda e manter em depósito mercadoria imprópria para o consumo, o que configura crime contra as relações de consumo. “Percebemos que não daríamos conta da repressão se não nos juntássemos à Aderr e com a Vigilância Sanitária. Por isso determinamos a criação de um plano de ação desse tipo de crime”, destacou.

Conforme a delegada, fiscalizações serão feitas em açougues e frigoríficos nos municípios para tentar encontrar carnes acondicionadas em condições inadequadas e sem procedência, ferindo o código do consumidor.

AÇÃO CONJUNTA – Para reforçar as ações de combate ao abate clandestino, um treinamento foi ministrado na Cidade de Polícia, na semana passada, com os representantes dos órgãos envolvidos na operação.

O diretor do Departamento de Defesa Animal da Aderr, Vicente Barreto, ressaltou que os trabalhos serão feitos de forma contínua. “São fatos e informações diferentes e é um trabalho que precisa ser continuado com a tendência de que se tornem mais necessários, tanto da Aderr que precisa de inteligência na defesa agropecuária, quanto os outros órgãos. Espero que hajam outros treinamentos, pois verificamos que há outras situações”, afirmou.

A proposta foi treinar a equipe que irá trabalhar em conjunto nas investigações. Também foram discutidas as técnicas e estratégias do trabalho de fiscalização que será desenvolvido no interior do Estado, para todos os servidores envolvidos na operação.

Produtores devem denunciar furtos à polícia, orienta delegada-geral

A Polícia Civil acredita que muitos outros casos de abigeato não tenham sido registrados por conta da falta de denúncia dos proprietários de fazendas. “Os pequenos produtores não denunciam e temos grave problema de subnotificação”, disse a delegada-geral.

Ela orientou os fazendeiros a denunciaram os casos. “Realmente os prejuízos são reiterados. A subnotificação advém até da descrença, porque temos pouco efetivo de policiais e estrutura de inteligência e os produtores acham que o caso não vai ser resolvido. Mas pedimos para que procurem a delegacia para acionar a polícia, pois só assim os vestígios serão colhidos e iniciaremos as investigações”, frisou.

“É importante que os produtores saibam que a Polícia Civil está indo atrás dessas pessoas. Não é ação isolada, a partir de agora terá a integração para trabalho mais eficaz”, complementou. (L.G.C)