Pacaraima destinará recursos à saúde, educação e infraestrutura

Com a assinatura da Medida Provisória pelo presidente Michel Temer, que decreta “situação de emergência social” em Roraima em razão da imigração venezuelana (ver página 2A), o prefeito de Pacaraima, Juliano Torquato (PRB), afirmou que os recursos destinados ao município serão investidos em saúde, educação, infraestrutura e segurança.

Segundo o gestor do município, os pais têm encontrado dificuldades para matricular seus filhos por conta do número reduzido de vagas. A mesma situação se repete nos atendimentos de saúde e de programas sociais. “A nossa estrutura hoje é pequena. Não para a população do município, mas com a imigração e esse número extra de pessoas que nós estamos atendendo. Hoje nós precisamos duplicar, até triplicar o nosso número de atendimentos e de estrutura para podermos atender com qualidade e para não prejudicar nem a população e nem os imigrantes”, explicou Juliano.

Com relação à segurança pública, o prefeito também expressou preocupação, mas ressaltou que a questão ficará mais direcionada ao planejamento do Estado e o Governo Federal. O gestor acredita que a situação deve melhorar com o reforço do efetivo de agentes da Força Nacional, do Exército, da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal.

LEVANTAMENTO – A definição de onde os recursos serão destinados foi facilitada, segundo o prefeito, por conta de um levantamento estatístico do impacto da imigração de venezuelanos em diversos setores da cidade nos últimos dois anos e o acompanhamento da crise pela Prefeitura de Pacaraima.

Juliano Torquato informou ainda que esse levantamento e o projeto que define onde os recursos vão ser aplicados serão reunidos em um documento previsto para ser entregue até a próxima sexta-feira, 23, em Brasília. O documento foi solicitado pelo próprio Governo Federal após uma reunião realizada na semana passada na Capital Federal com o prefeito e alguns secretários e ministros. O encontro ocorreu depois da visita dos ministros da Defesa, Raul Jungmann; da Justiça, Torquato Jardim; e do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, Sérgio Etchegoyen, a Boa Vista.

“Nós temos uma demanda quatro vezes maior do que a realidade do nosso município até 2016. Tivemos um aumento muito grande na nossa necessidade de atendimento na saúde básica, saneamento, limpeza pública, então, com o nosso orçamento atual nós não somos capazes de manter a estrutura da cidade”, afirmou o prefeito. “Nessa reunião que tivemos em Brasília ficou bem nítido para a nossa gestão que o Governo Federal vai dar o aporte dentro da nossa necessidade para a gente atender”, completou.

DECRETO – De acordo com Torquato, o decreto de situação de emergência social em Roraima não foi uma surpresa para a Prefeitura de Pacaraima. Segundo o gestor, desde o fim de janeiro e início de fevereiro, a administração municipal já tinha conhecimento de que o Governo Federal ia se empenhar de uma forma mais ágil e tentar ajudar o Estado e a Prefeitura de Pacaraima.

Segundo o prefeito, a medida atende as reivindicações do município. “O Governo Federal nunca deixou de atuar e sempre esteve apoiando todas as nossas reivindicações de alguma forma, mas agora, as ações serão mais efetivas. Vamos começar a fazer um trabalho em conjunto, trazer tranquilidade para a nossa população e qualidade de vida para os brasileiros e os imigrantes, pois nós sempre deixamos bem claro que atendemos de acordo com as nossas disponibilidades”, explicou. (P.C)

Recursos devem ser administrados nas regiões mais afetadas, diz Prefeitura de BV

A Prefeitura de Boa Vista informou que continuará a atender as demandas nas áreas de saúde, educação e social em alinhamento com as ações implantadas pelo Governo Federal na busca de uma solução que dê condições de vida aos migrantes que se encontram em Boa Vista e precisam de um amparo melhor.

O Município afirma que a entrada do Governo Federal de forma efetiva na questão migratória em Roraima é vista com bons olhos e ajudará o Executivo Municipal nas ações que já estão sendo desenvolvidas e não colocará em risco o atendimento da população boa-vistense.

Sobre o repasse de recursos, o Executivo disse que a questão ainda está sendo discutida pelo Governo Federal e que a visão da Prefeitura de Boa Vista é que os recursos devem ser dirigidos e administrados o mais perto possível do problema, ou seja, nas regiões mais afetadas e que têm sofrido o maior impacto com a migração venezuelana.

Ainda sobre os recursos, o Município ressaltou que o foco deve ser o mesmo, não importando para qual esfera do poder público eles serão destinados. “Independente para onde sejam destinados os recursos, ao Estado ou aos municípios, o mesmo deve ter um objetivo em comum: o de melhorar a vida dos nossos irmãos venezuelanos”, finalizou a PMBV. (P.C.)