Política

PF prende procurador da república que já presidiu o MPF em Roraima

Ele é acusado de integrar organização criminosa da JBS

A Polícia Federal está cumprindo ordem de prisão, em Brasília, contra o procurador da República Ângelo Goulart Villela. O mandado de prisão partiu da operação originada na delação premiada da JBS.

O Ministério Público Federal no Distrito Federal aponta que o procurador da República Ângelo Goulart Villela, preso nesta quinta-feira (18) por ordem do STF (Supremo Tribunal Federal), foi “infiltrado” por Joesley Batista, do grupo JBS, para extrair informações da Operação Greenfield.

Villela entrou na força tarefa da Greenfield em março último, como um reforço à investigação. Ele está lotado na PGE (Procuradoria-Geral Eleitoral), no mesmo prédio da PGR (Procuradoria Geral da República), e a partir de março passou a se dividir entre os dois trabalhos.

Desde o começo da participação de Villela na força tarefa, os procuradores começaram a desconfiar do colega. Os investigadores perceberam que Villela trazia informações às reuniões da força-tarefa, em Brasília, que logo depois eram também repetidas por advogados do grupo de Joesley Batista.

A partir daí, os procuradores da Greenfield começaram a fazer testes com Villela, que culminaram com o pedido de ação controlada autorizada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Villela foi seguido e filmado com autorização judicial.

Ângelo Goulart durante vários anos presidiu o Ministério Público Federal em Roraima.

Equipes policiais estão na residência do procurador desde as primeiras horas da manhã. Policiais também estão na procuradoria-geral eleitoral, que funciona no 5º andar do TSE, cumprindo ordens de busca e apreensão de computadores e mídia do funcionário.

As buscas ocorrem na sala do procurador e foram justificadas pelo Ministério Público por suspeitas de envolvimento dele em irregularidades apuradas pela Operação Greenfield, que investiga fraudes em fundos de pensão.

As investigações mostraram que o procurador foi cooptado por uma figura que transita com desenvoltura entre magistrados da Capital Federal. Trata-se do advogado brasiliense Willer Tomaz. Nesta parte foi o diretor jurídico (e delator) da empresa, Francisco Assis e Silva, quem conduziu as tratativas.

Delator de mil e uma habilidades, Joesley não apenas gravou, mas neste caso também exibiu seus dotes como fotógrafo. Foi o que fez com Villela. O dono da JBS o clicou num jantar na casa de Willer, no dia 3 de maio. Neste encontro, segundo Joesley, Villela repassou informações para ele.