Cotidiano

PF e Receita investigam entrada de grande quantidade de bolívar

De fevereiro a abril deste ano, 30,4 milhões de bolívares, que representam cerca de R$ 10,9 milhões, foram apreendidos

Os setores de inteligência da Polícia Federal (PF) e Receita Federal em Roraima estão investigando a entrada em Roraima de altas quantias de bolívares, moeda corrente da Venezuela. Segundo levantamento feito pela Folha, 30,4 milhões de bolívares foram apreendidos entre os meses de fevereiro, março e abril deste ano na fronteira dos dois países, Norte do Estado, o equivalente a R$ 10,9 milhões, segundo a cotação do Banco Central.

As autoridades brasileiras não sabem explicar o motivo de tanta apreensão, já que a moeda venezuelana é muito desvalorizada, chegando a custar, no câmbio negro, 270 bolívares por R$ 1,00, diante da crise pela que passa a Venezuela atualmente. Essa desvalorização obriga o detentor do dinheiro venezuelano a carregar malas ou sacos cheios de cédulas para atravessar a fronteira, em Pacaraima.

Na primeira ocorrência, em fevereiro, agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) apreenderam cerca de 1,5 milhão de bolívares, cerca de R$ 550 mil, em um veículo de passeio oriundo da Venezuela, durante fiscalização de rotina na BR-174 norte. O condutor era um libanês residente no Brasil, que relatou que usaria o dinheiro para realizar negociações comerciais na Capital.

No dia 08 de março, mais 11,4 milhões de bolívares foram apreendidos pela PRF, dessa vez no Município de Presidente Prudente, em São Paulo. O dinheiro estava em posse de dois homens, um de 44 e outro, de 46 anos, naturais de Goiás. À polícia, eles afirmaram que a quantia era fruto de uma comissão de corretagem referente à venda de uma fazenda em Roraima e confirmaram que não possuíam a documentação fiscal/cambial sobre a presença da moeda estrangeira no Brasil.

Outras duas apreensões foram realizadas em menos de uma semana na Capital. No dia 30 de março, a Polícia Militar apreendeu 6 milhões de bolívares venezuelanos, o equivalente a R$ 17,5 mil, que estavam sendo transportados por um palestino dentro de um táxi no quilômetro 100 da BR-174. O estrangeiro recebeu voz de prisão e foi autuado em flagrante pelo crime, em tese, de evasão de divisa. Ele alegou que é comerciante em São Paulo (SP), mas não informou a procedência do dinheiro.

Já na noite de segunda-feira, 04, a PF apreendeu mais 1 milhão de bolívares, em posse de outro libanês, no Aeroporto Internacional de Boa Vista. Fontes revelaram que possivelmente estes valores estariam sendo comercializados em casas de câmbio em São Paulo, onde o Bolívar é trocado pelo valor de mercado, custando quase 1,00 B$ por R$ 3,00.

RECEITA – Segundo o delegado da Receita Federal em Roraima, Omar Rubin, o órgão, juntamente com a Polícia Federal, vem tentando descobrir o que está motivando a prática de câmbio ilegal no Estado. “Ainda não sabemos qual a real motivação. Esse dinheiro realmente tem entrado. Temos feito apreensões significativas de bolívares não somente nós, como também a Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal, mas, sinceramente, não sabemos exatamente o que está motivando”, disse.

Sobre o possível esquema de câmbio ilegal, Rubin informou que todos os procedimentos estão sendo analisados pela Receita. “Não temos essa informação, todos os procedimentos estão sendo analisados pela nossa área competente. Não temos pistas concretas se efetivamente estaria ocorrendo esse câmbio em São Paulo”, afirmou.

Conforme o delegado, qualquer estrangeiro ou brasileiro pode entrar no País com dinheiro, bastando apenas que declare o valor à Receita Federal. “Todo turista ou comerciante que entrar e sair do País com valor superior a R$ 10 mil, automaticamente tem que declará-lo”, frisou. (L.G.C)