Política

Objetivo da reforma política é dar satisfação aos brasileiros, diz Shéridan

Deputada acredita que mudanças são necessárias e vão evitar gasto desnecessário de recurso eleitoral

Primeira mulher a relatar a reforma política no Congresso Nacional, a deputada federal Shéridan (PSDB/RR) defendeu, em entrevista por telefone ao programa Agenda Parlamentar, na Rádio Folha 1020 AM, no sábado, 22, que as mudanças no cenário eleitoral devem ser uma prioridade e já passem a valer nas próximas eleições em 2018.

“Eu relato a parte que trata sobre o fim das coligações, a cláusula de desempenho e as federações partidárias. A outra parte da reforma, que é o financiamento eleitoral, o sistema eleitoral, a possibilidade de alterar o sistema e outros pontos, será relatado pelo deputado federal Vicente Cândido (PT/SP)”, explicou.

Para ela, a aprovação da reforma tem a oportunidade de dar satisfação à população brasileira, que, segundo Shéridan, espera mudanças. A deputada acredita que, com a reformulação, muitos dos recursos eleitorais não serão gastos desnecessariamente. “A gente trabalha com a reestruturação dos partidos. A quantidade de partidos que existe na nossa democracia é absurda. São 35 siglas que têm acesso a recursos públicos, sendo que alguns sequer têm vereador eleito”, pontuou. “Isso vai de encontro com o que a gente espera sobre representatividade”, reforçou.

Shéridan comentou a intenção de acabar com as coligações partidárias. “A gente quer acabar com as coligações, o que dissipa com essa prática de ‘partidos de aluguel’, que recebem recursos e tempo de TV. Com a coligação, você acaba não elegendo aquele que você defende. Não traduz a vontade de quem votou. Quando as coligações foram criadas, há muito anos atrás, a ideia era de associar por ideologias políticas, mas não existe mais isso”, declarou.

Outro ponto importante, segundo Shéridan, é a cláusula de desempenho, que trata justamente de partidos que não atingem o coeficiente mínimo de representatividade e têm acesso a tempo de rádio/TV e fundo eleitoral. “Existe um gasto enorme, quase R$ 1 bilhão ao ano, para partidos que não têm um vereador eleito. A gente preza que estabeleça uma condição mínima e assim seja feita algo mais justo”, analisou.

INVESTIGAÇÃO – Questionada se a tramitação da reforma política pode ser atrapalhada por conta da votação do processo na Câmara dos Deputados, que pede autorização para abertura de investigação contra o presidente Michel Temer, prevista para ser analisada em plenário no início de agosto, logo após o recesso, a deputada foi contundente em afirmar que o Brasil não deve parar por conta da investigação.

“A pauta da reforma política é emergencial, independente de quem for o presidente. A gente não pode submeter o Congresso à situação que a gente se encontra hoje. A pauta do Brasil parou e se volta a essa situação que a Presidência vive no momento. Infelizmente tumultua e atrapalha”, declarou. “Não aprovar e não promover nenhuma reforma política é uma demonstração de incompetência do Parlamento, porque a gente tem que dar satisfação ao povo brasileiro. O Brasil é muito maior do que isso”, acrescentou.

Sobre a votação na Câmara relativa à denúncia contra Michel Temer, a deputada disse que deve votar a favor da investigação. “Existe uma denúncia e o que se pede é a investigação. Tem que investigar, é democrático. É uma resposta a população brasileira. Por que não apurar? Por que o cidadão brasileiro pode ser investigado e o presidente não? Se houver realmente essa inocência de que é dita, vai se provar”, declarou. (P.C)