Polícia

Núcleo explica números que colocam RR como campeão de abuso sexual

Relatório da Fundação Abrinq coloca o Estado de Roraima como líder do ranking de abuso contra meninas no Brasil

Depois que a Fundação Abrinq, organização sem fins lucrativos que promove a defesa dos direitos e o exercício da cidadania de jovens, divulgou relatório no qual Roraima aparece como líder do ranking de abuso contra meninas no Brasil, o Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente (NPCA), da Polícia Civil, convocou a imprensa, na tarde de ontem, 03, a fim de esclarecer os números de 263 denúncias de casos de violência sexual no primeiro semestre de 2017.

A delegada titular do NPCA, Jaira Farias, confirmou que os dados são reais e que reforçam o trabalho conjunto desempenhado pela rede de proteção à criança e ao adolescente, que envolve instituições de esfera federal, estadual e municipal, além de ser um reflexo da credibilidade que a sociedade tem depositado nas instituições para fazer as denúncias.

“Isso não quer dizer que tenha aumentado o número de abusos sexuais contra crianças e adolescentes no nosso Estado. Pelo contrário, vem confirmar que o nosso Estado está trabalhando efetivamente, de forma articulada, com todos os órgãos, sejam municipais, estaduais e até federais, por meio do disque 100 da Secretaria Nacional de Direitos Humanos. Então isso reflete em números. As pessoas estão denunciando mais, não estão omissas diante de situações que ofendam ou afrontam o direito dessas crianças e adolescentes”, disse a delegada.

Apesar do número de 263 casos, Jaira Farias disse que pode haver mais de uma denúncia para o mesmo crime. “São casos de denúncias, sejam de registro de Boletim de Ocorrência, sejam de denúncias atrás de ofícios do Ministério Público, sejam de outros órgãos, como Conselho Tutelar, Hospital da Criança Santo Antônio, o que não quer dizer que os números não possam ser repetidos. Às vezes chegam denúncias de vários órgãos tratando-se de uma situação única”, afirmou.

Ao ser questionada se o número é expressivo, considerando a proporção populacional, a delegada  declarou que os dados estão dentro da normalidade para os primeiros sete meses do ano. “Acredito que é um número satisfatório porque é um reflexo no nosso trabalho, porque a Polícia Civil, articulada com outras instituições, não dá trégua a esse tipo de situação”, acrescentou.

PERFIL – Conforme o NPCA, os dados evidenciam que 90% dos crimes têm como vítimas meninas e que o perfil do abusador, em geral, contempla a figura do padrasto com maior recorrência. “Inclusive aproveito para fazer um apelo aos pais ou responsáveis por crianças e adolescentes, que sejam diligentes em observar comportamento das crianças e adolescentes, porque a principal marca deixada pela violência não é somente física, mas acima de tudo psicológica”, enfatizou a delegada Jaira Farias.

Um fator relevante é que qualquer pessoa que presencie ou receba denúncia de violência sexual contra crianças e adolescentes pode encaminhar as informações aos órgãos de defesa. “Porque hoje, em dia, crime de estupro contra vulnerável é de ação pública incondicionada, talvez seja isso que tenha dado margem para tanta denúncia, pois hoje não depende mais de representação de um familiar. Estamos elucidando e investigando os casos recebidos”, enfatizou a titular do NPCA.

A delegada ressaltou que uma política de combate e enfrentamento foi o que trouxe à tona os números, mas que não é possível afirmar que em Roraima aconteçam mais crimes de abusos sexual. “O que está acontecendo é que as pessoas estão denunciando e os órgãos estão funcionando. Pedimos apoio da sociedade para continuar fazendo as denúncias”, voltou a frisar. (J.B)