Cotidiano

Novo modelo econômico é o principal desafio para o Estado, avalia economista

Estado cresceu em várias vertentes, mas ainda precisa desenvolver a iniciativa privada para quebrar a dependência do setor público

Mudar a estrutura estatal de produção, que representa as despesas do setor público, para um modelo econômico baseado na realização dos investimentos pela iniciativa privada é o principal desafio do Estado para os próximos anos, conforme a visão do economista Haroldo Amoras, secretário estadual de Planejamento e Desenvolvimento (Seplan).

Ele avaliou que o Estado evoluiu em várias vertentes, principalmente no aspecto econômico, mas que ainda precisa desenvolver a iniciativa privada para quebrar a dependência do setor público. “O nosso desafio, em termos de projeto de desenvolvimento, é sairmos de uma economia baseada na matriz pública para uma base particular, ou seja, de investimentos privados. E esse novo modelo deve ser orientado para as atividades primárias de produção, principalmente para agricultura e pecuária”, afirmou.

Segundo ele, o Produto Interno Bruto do Estado (PIB) produz cerca de R$ 10 bilhões. Deste total, 5% é gerado por meio da agricultura, seguido da indústria, com percentual de 11%, enquanto o restante, 84%, é representado pelo Setor Terciário, que são caracterizados pelo setor comercial e de serviços.

“De cada R$ 100, ou US$ 100 dólares, injetados no PIB do Estado, 46% vêm da administração pública, o que é um peso bastante significante e que denota que o Estado ainda continua sendo maior que a sociedade. É ele quem mais emprega pessoas, quem demanda e consome bens e serviços, e que influencia toda a economia, principalmente na base salarial dos trabalhadores. Então, por aí você já viu o enorme desafio que temos pela frente”, destacou.

Segundo Amoras, os agentes públicos e privados precisariam planejar as ações de forma conjunta, adotando mecanismos que ajudem a chegar a um entendimento sobre como desenvolver o novo modelo. “Para isso, é preciso primeiro estudar o conjunto das atividades onde o Estado tem plena ou parcial vantagem e, nesse sentido, os estudos apontam que o ideal será basear esses planos no desenvolvimento da atividade primária, principalmente na parte de agricultura e pecuária voltadas para o mercado nacional e internacional. Isso não significa que se deva abandonar os investimentos no setor público, mas focar investimentos maiores para o setor privado”, complementou.

Além de melhorar os investimentos no setor privado, Haroldo Amoras cita ainda como desafios para os próximos anos a superação de obstáculos ligados às matrizes tecnológicas, questão fundiária e reforço de proteção fitossanitária. “Com o desenvolvimento da soja, por exemplo, novas necessidades vão surgindo para conseguirmos desenvolver ainda mais o nosso setor produtivo, como a mão de obra especializada, e nisso nós temos as instituições de ensino que possuem cursos nessa área”, comentou.

Outro entrave a ser superado seria em relação à questão fundiária, com a concretização do repasse de terras da União para o Estado. “Avançamos muito nesse quesito. Em compensação, ainda há um entrave, tanto que até hoje ainda estamos aguardando o assentimento prévio do Conselho de Defesa Nacional para a regularização da terra de muitos produtores”, destacou.
Em relação ao desenvolvimento da pecuária, ele destacou que também houve conquistas, como o status de livre de aftosa. “Há a necessidade de estruturar melhor as ações de defesa animal e vegetal, algo que deve ser pensado de forma conjunta”, ressaltou. Outra questão destacada pelo economista diz respeito à imigração venezuelana para Roraima. Para ele, as instituições públicas precisam entrar em consonância sobre a adoção de políticas públicas para que a situação não saia de controle.

“A relação entre Brasil e Venezuela é bastante antiga, no entanto, nunca tivemos algo muito próximo. É como vizinhos que convivem lado a lado, mas que nunca pararam para se confraternizar. Infelizmente, a situação não tende a melhorar ainda por conta da diferença de ideologias entre os presidentes daqui e de lá, além da aposta do governo Maduro em um modelo econômico que hoje em dia não influi em muita coisa”, avaliou.

Segundo ele, a grande maioria dos venezuelanos está saindo de lá, sobretudo pela fome, pois há uma escassez de comida. “Tanto que eles estão buscando refúgio na Colômbia e no Brasil, que não estava preparado para esse fluxo migratório. Se não houver uma integração maior de políticas públicas para essa questão, é muito provável que a situação piore. Quando eu digo integração, me refiro aos poderes trabalhando juntos”, pontuou. (M.L)