Política

Novo coordenador da Funai afirma ser indígena Wapichana e defende diálogo

Em protesto contra nomeação na Funai de Roraima, organizações indígenas anunciaram uma manifestação para esta quarta-feira

Gestor público e professor de ensino fundamental, Armando do Carmo Araújo está empossado há cinco dias como coordenador regional da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Roraima e já enfrenta sua primeira grande crise à frente do cargo. As organizações indígenas preparam uma mobilização para esta quarta-feira, 12, às 9h, e ameaçam ocupar a sede do órgão.

Conhecido como “Neto” na política local, Armando foi nomeado por meio da Portaria 1.032, de 6 de julho de 2017, publicada no Diário Oficial da União do dia 6 de julho. Apesar de ter apenas 35 anos, o novo coordenador já foi titular da Secretaria Extraordinária da Pesca e Aquicultura do Estado de Roraima (Sepesca) e candidato a prefeito do Bonfim.

Em entrevista à Folha, ele declarou que não está preocupado com a manifestação e alegou estar de portas abertas para receber as entidades e iniciar o diálogo. “Estou aqui e vou permanecer. Pretendo trabalhar junto com os meus parentes pelo crescimento da Funai. Estou de portas abertas para receber a comissão e conversar, pois nosso objetivo é único”, disse.

Armando disse que é da região da Serra da Lua, no Município de Bonfim, a leste do Estado, e afirma ter passado a vida toda nas comunidades indígenas da região. “Vamos fazer um trabalho contínuo em prol dos povos indígenas. Venho de uma descendência de Wapichana e não tenho dificuldade de lidar com o trabalho”, frisou.

Armando afirmou que a Funai teve um corte de 44% do Orçamento que foi contingenciado pelo Governo Federal. “Mas as demandas continuam grandes, então estamos fazendo um levantamento do que é mais importante para priorizar o que for melhor. Quero com muito trabalho transformar a Fundação em um centro de excelência mais eficaz e eficiente”, disse.

CONTESTAÇÃO – Mas as boas intenções de Armando não mudam o posicionamento das entidades indígenas. As lideranças questionam que não foram consultadas sobre o nome de Araújo. Nem mesmo a descendência Wapixana parece ajudar o novo coordenador a ser aceito de forma mais tranquila pelas entidades, que já têm outro nome para indicar, o do também Wapichana Aldenir Cadete de Lima. Ele foi indicado nos últimos três anos, inclusive este ano o pedido foi reforçado à presidência da Funai, mas sem resposta.