Cotidiano

Nota em ranking do CNJ é resultado do empenho de todos, diz desembargador

O IPC-Jus é calculado a partir de parâmetros de produtividade definidos com base em informações dos próprios tribunais

O Tribunal de Justiça de Roraima (TJRR) atingiu 100% do Índice de Produtividade Comparada da Justiça (IPC-Jus) de 2016. Esta é a segunda vez consecutiva que o órgão atinge a nota máxima. O resultado, divulgado na semana passada, coloca o Judiciário roraimense em primeiro lugar junto com tribunais do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Acre e Sergipe. Em entrevista ao programa Agenda da Semana, na Rádio Folha AM 1020, o desembargador Almiro Padilha, que ocupou a presidência do Poder Judiciário em 2015 e 2016, afirmou que o resultado só foi possível devido ao empenho de todos os servidores.

O IPC-Jus, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), é calculado a partir de parâmetros de produtividade definidos com base em informações dos próprios tribunais, considerando o fluxo de entrada, número de processos que ingressaram, recursos humanos e financeiros disponíveis, servidores e despesas e o fluxo de saída. Até o ano de 2013, o TJRR ocupava a penúltima posição no ranking, que avalia 81 tribunais em todo o país.

Para melhorar o desempenho, no ano de 2015, o desembargador Almiro Padilha, à época presidente do TJRR, criou uma Secretaria de Gestão Estratégica para detectar e sanar os problemas que geravam o baixo resultado no IPC-Jus. “Pegamos os números e avaliamos onde estavam os nossos problemas, por que trabalhávamos e não rendíamos. A primeira medida foi enxugar despesas. Por exemplo, até o ano de 2015, cada desembargador tinha um carro à disposição com motorista que ia lhe buscar em casa e levar para todas as atividades. Nós acabamos com isso”, afirmou Padilha.

Ele destacou que o resultado é fruto de um trabalho que vem sendo feito há muitos anos. “O que estamos colhendo hoje é fruto de administrações passadas também, não somente da minha. Temos uma tradição no TJRR que é dar continuidade ao que o gestor anterior iniciou. Assim como fiz quando recebi o TJRR das mãos da gestão anterior e assim como a desembargadora Elaine Bianchi está fazendo”, explicou.

Além do trabalho de gestão, o desembargador destacou a importância da colaboração de todos os servidores. “É necessária a colaboração de todos. Não há como atingir o primeiro lugar no ranking do CNJ sem motivação. É uma ilusão se imaginar que se motiva servidor somente com salário, é necessário dar boas condições de trabalho. O diálogo também é muito importante, precisamos de colaboradores motivados”, disse.

Uma das medidas adotadas pelo TJRR para melhorar o desempenho dos servidores foi o corte do ponto de frequência. “O sistema de ponto é um mito no Brasil, principalmente dentro do serviço púbico. O gestor costuma pensar que isso significava produtividade e verificamos que não. Tanto é que saímos do penúltimo e chegamos a primeiro lugar cortando o ponto e substituindo-o por um sistema de metas”, pontuou.

Padilha frisou ainda que todas essas medidas contribuem para o amadurecimento do Tribunal e reflete em uma melhora no ranking do CNJ. “Vamos sentir os reflexos desse desempenho daqui a quatro ou cinco anos. Nós como gestores não nos preocupamos em colher os frutos, queremos plantar sementes boas para que no futuro possamos ter bons resultados”, afirmou.

O ex-presidente do TJRR afirmou que os bons resultados foram obtidos mesmo em momentos de dificuldades financeiras, em que o Poder Judiciário recebe o duodécimo de forma fracionada. “Nós sempre tivemos o menor orçamento do país, até mesmo comparado com o Acre, que tem uma estrutura semelhante a nossa. Lá eles têm cerca de 30% a mais de recursos que nós. Nos preparamos para manter essa qualidade de trabalho com um orçamento baixo. Esse problema nos impede de planejar, mas estamos preparados para crescer e melhorar, mesmo nestas adversidades”, concluiu.