Cotidiano

Nível do Rio Branco chega a 9,6 metros em Caracaraí

Em todo o Estado, mais de 300 famílias estão realocadas, desalojadas ou em área de risco, segundo o Corpo de Bombeiros

O nível do Rio Branco em Caracaraí alcançou 9,6 metros. Foi o que informou o comandante do Corpo de Bombeiros Militar de Roraima, coronel Doriedson Ribeiro, durante coletiva de imprensa realizada na manhã de ontem, 9. O município está enfrentando dificuldades em meio às constantes chuvas do inverno. Segundo o balanço da Operação Inverno, em todo o Estado, mais de 300 famílias estão realocadas, desalojadas ou em área de risco.

Por conta da cheia, a Prefeitura de Caracaraí decretou estado de emergência na semana passada e informou ontem ao Governo do Estado a situação. A expectativa é que o Governo Federal intervenha com recursos para colaborar junto ao Corpo de Bombeiros no acesso a vilas que estão com dificuldades de acesso ou ilhadas.

Segundo a tenente responsável pela Operação Inverno na região Centro-Sul do Estado, Valérie Viviane, a área rural apresenta pelo menos três vilas que se encontram em estado de difícil acesso. “A área do matadouro está completamente alagada, fazendo com que moradores da região fiquem ilhados. Conseguimos chegar até essas famílias, mas o acesso está bem difícil. A Vila Cujumbi passou pela mesma situação, mas conseguimos liberar um acesso ao local através de um terreno particular. A Vila Serra Dourada e a Vicinal Bem Querer estão em situação crítica, mas ainda dá para ter acesso a esses locais com veículos de grande porte”, explicou.

Iracema foi outro município apontado como afetado significativamente pelas cheias. Segundo Valérie, vicinais e áreas de acesso estão obstruídas, mas há outras estradas que possibilitam o fluxo de carros.

 

Zona Rural é a parte mais afetada pelas enchentes em Boa Vista

Em Boa Vista, a zona Rural é o local que atualmente enfrenta maiores dificuldades. De acordo com o tenente Francikleber Cardoso, que está a frente da operação na Capital e em Alto Alegre, moradores da região do Passarão chegaram a superlotar balsas.

“As pessoas estavam começando a usar embarcações para se locomover. Só que elas estavam sendo usadas de forma lotada, colocando em risco a vida dos moradores. Dispomos de nossas balsas e entregamos trinta coletes. Também houve outra situação no Alto Alegre, onde mais de 100 animais estavam isolados e vindo a óbito. Não conseguimos salvar todos, pois fomos acionados de forma tardia, mas pelo menos a maior parte foi resgatada”, relatou.

 

Comandante cobra maior participação de prefeituras na Operação Inverno 

O comandante do Corpo de Bombeiros Militar de Roraima, coronel Doriedson Ribeiro, criticou a atuação de algumas prefeituras perante o atual período de inverno. Segundo ele, alguns municípios não estão monitorando ou realizando levantamentos sobre a situação que famílias se encontram.

“Todos os anos, trabalhamos junto aos municípios para que procedimentos básicos sejam adotados, mesmo que com falta de recursos. Entretanto, muitas prefeituras não estão realizando o mínimo, que é monitorar e informar a Defesa Civil sobre como vai o andamento da situação. Acabamos ficando informados por redes sociais e precisando realizar um levantamento que o próprio município deveria ter feito, o que desgasta muito o nosso efetivo”, comentou.

Por causa dessa falta de diálogo de alguns municípios, uma reunião com as coordenadorias municipais da Defesa Civil e com as prefeituras dos 15 municípios de Roraima será realizada na sede do Corpo de Bombeiros às 11 horas de quarta-feira, 11.

Doriedson recomendou à população maior conscientização em relação a real proporção de dificuldades causadas por enchentes, uma vez que a população tende a interpretar tais situações de forma exagerada, com repercussão em redes sociais.

“Queremos evitar o alarde. Principalmente se ele for desnecessário, como já nos deparamos nos últimos dias. Muitas denúncias exageram em como a situação de fato está e, por isso, acaba atrapalhando o andamento da operação como um todo”, disse.

Enquanto a operação estiver ocorrendo, o Corpo de Bombeiros Militar de Roraima está arrecadando alimentos não perecíveis e água para ajudar as 300 famílias que estão afetadas pelas chuvas. As doações podem ser feitas na própria sede, localizada na Avenida Venezuela, 5362, bairro Pricumã. (P.B)

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