Política

Moro mantém na prisão ex-gerente da Petrobras preso em Boa Vista

O juiz Sergio Moro negou o pedido de revogação da prisão preventiva do ex-gerente executivo da Petrobras Roberto Gonçalves, preso em Boa Vista em março deste ano, enquanto visitava parentes, segundo sua defesa. Ao defender a manutenção dele na prisão, os procuradores argumentaram que é plausível que tenha usado outras contas para receber propinas ainda não identificadas. Disseram ainda que ele foi preso pela Lava-Jato em Roraima, perto de região de fronteira, sem apresentar justificativa razoável. Para os procuradores, ele poderia deixar o país.

O ex-gerente sucedeu Pedro Barusco (condenado na operação por lavagem de dinheiro, associação criminosa e corrupção) como gerente-executivo da área de Engenharia e Serviços da Petrobras, onde atuou no período de março de 2011 a maio de 2012 e é acusado de ter recebido cerca de R$ 10 milhões no exterior. O juiz argumentou que o julgamento está próximo, pois o prazo para alegações finais da defesa é 12 de setembro. Moro disse que vai decidir sobre o pedido na própria sentença, quando analisará as provas.

Segundo a investigação, ele recebeu a maior parte dos valores numa conta pessoal no Banco Société Genérale, na Suíça, mas também usou uma conta cedida por Rogério Araújo, executivo da Odebrecht. No interrogatório, Gonçalves disse que parte da propina que recebeu foi transferida para a corretora Advalor e a quantia ainda não foi localizada.

De acordo com a Procuradoria da República no Paraná, o dirigente da UTC Engenharia Ricardo Pessoa e o operador financeiro e intermediário entre os executivos e agentes públicos Mário Goes admitiram o pagamento de propinas a Roberto Gonçalves. Os colaboradores comprovaram documentalmente quatro depósitos de US$ 300 mil feitos no exterior, a partir de conta em nome da offshore Mayana Trading, mantida por Mário Goes.

Ainda segundo o comunicado, durante a apuração dos fatos, foram identificadas cinco contas bancárias, sendo uma delas registrada em nome da offshore Fairbridge Finance SA, que tem Roberto Gonçalves como beneficiário final, que recebeu, somente em 2011, cerca de US$ 3 milhões de offshores ligadas ao Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht.

Outra conta, registrada em nome da offshore Silverhill Group Investment Inc. e que também tem Gonçalves como beneficiário final, recebeu, no ano de 2014, mais de US$ 1 milhão provenientes da conta da offshore Drenos Corporation, vinculada a Renato Duque.

Ainda de acordo com documentos encaminhados pela Suíça, Roberto Gonçalves transferiu, em abril de 2014, parte do saldo da conta Fairbridge Finance S/A para contas na China e nas Bahamas. “Essa conduta demonstra, além da reiteração de crimes de lavagem de dinheiro, o propósito de impedir o bloqueio dos ativos criminosos e frustrar a aplicação da lei penal. Apesar da tentativa de esconder o patrimônio, ainda foi possível o sequestro de mais de US$ 4 milhões de conta ligada a Roberto Gonçalves”, concluiu a nota.

O dirigente da UTC Engenharia Ricardo Pessoa também estaria ligado ao advogado Bruno Mendes, ligado aos senadores Renan Calheiros (PMDB-AL) e Romero Jucá (PMDB-RR) segundo investiga a procuradoria.

O nome de Bruno Mendes apareceu pela primeira vez nas investigações da Lava-Jato a partir de relatório da Polícia Federal, suspeito de agendar jantares com Ricardo Pessoa, dono da UTC, e realizar pagamentos como doações durante a campanha de 2014.