Cotidiano

Manifestantes fazem protesto contra venezuelanos e pedem das autoridades fiscalização nas fronteiras

Com cartazes e bandeiras do Brasil, populares pedem por mais segurança e praças 'livres' de migrantes

Sob o sol escaldante das 11h da manhã de sábado, 24, um pequeno grupo de pessoas se reuniu na Praça Simón Bolívar para protestar contra a vinda de migrantes venezuelanos para Roraima e cobrar um maior rigor do poder público na fronteira brasileira. É a terceira manifestação realizada contra os refugiados, após acontecimentos nos Municípios de Mucajaí e Pacaraima.

Os participantes munidos de cartazes e de bandeiras do Brasil pediram por providências das autoridades competentes, segurança e até pelas praças públicas livres dos refugiados, em meio a gritos de guerra clamando por “Brasil” e “Fecha a fronteira”. Dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF) apontaram cerca de 40 protestantes. Apesar dos poucos adeptos, o manifesto ganhou intensa fiscalização dos órgãos policiais, além de um número de curiosos e observadores. Motoristas e caminhoneiros simpatizantes com o ato também acenavam e buzinavam ao passar pelo protesto.

Ana Cláudia Silva, uma das manifestantes, disse que é contra os venezuelanos e afirmou que sua indignação foi gerada por ter sido assaltada duas vezes por venezuelanos nos últimos dois meses. Uma delas, quando estava com o filho bebê.

“Eu estou protestando pela minha segurança e pela segurança dos meus filhos. Somos brasileiros, residimos aqui nesta cidade. Levaram meu celular, minha bolsa, me derrubaram no chão. Eles não estão nem aí para a gente.

Nós somos contra os venezuelanos. Só tem polícia para defender eles, na minha rua não passa um carro de polícia e aqui está cheio. Ninguém veio aqui fazer guerra, a gente quer paz e é por isso que estamos aqui”, afirmou.

“Nós estamos pedindo fiscalização na fronteira, que não está tendo. É só uma maquiagem. Queremos que o poder público tenha mais atenção. Eu sou brasileira e vim reivindicar também os nossos direitos de segurança”, completou outra manifestante Tainá de Paula.

Apesar de alguns dos manifestantes deixarem claro que eram contra a presença de venezuelanos no país, os organizadores do protesto pertencentes ao grupo “Manifesto a Roraima” afirmam que a manifestação é na realidade voltada ao poder público.

Um dos administradores do movimento, Vitor Teixeira, diz que a população está cansada de tanto descaso do poder público. O manifestante afirma que o protesto quer colocar pressão nos representantes políticos, um controle rigoroso na fronteira, solicitação de documentos, lista de antecedentes criminais e barreira sanitária.

“A cidade está bagunçada. A cidade não tem mais paz nos semáforos, em porta de supermercado, em porta de banco. É um ‘pede-pede’. Estão pedindo demais. Estão assaltando a população, estão roubando, estão matando. É um descaso total. A gente está aqui para cobrar dos políticos. Por que esse interesse de manter os venezuelanos aqui?”, questionou.

Teixeira disse ainda que, os poucos manifestantes não representam a totalidade do movimento e que os protestantes têm ao menos seis grupos no WhatsApp com 250 pessoas em cada. Com o primeiro movimento ocorrido em Boa Vista, a ideia agora é reunir e definir outras ações. A previsão é que a próxima seja um protesto a ocorrer ainda esta semana na Praça do Centro Cívico.

Por fim, o organizador ressaltou que a ação não tem cunho preconceituoso contra os estrangeiros. “A gente é contra quem é xenofóbico ‘mesmo’ assim, sabe? Quem generaliza, como se todos fossem pessoas de má índole. Não é verdade. Tem a porcentagem deles que são pessoas trabalhadoras, que estão aqui para crescer”, diz Vitor.

“O que queremos é que o Estado tenha uma política pública que funcione. A população está se revoltando e antes que aconteça alguma barbárie, de chacina, de morte de venezuelanos, a população está aqui pronta para se manifestar pacificamente. Sem agressões físicas ou verbais. Nunca foi nosso interesse fazer isso. Até porque a gente vai perder os nossos direitos. Nós temos o direito de manifestar”, finalizou Teixeira.

FISCALIZAÇÃO – Durante o evento, equipes da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Guarda Civil Municipal e Corpo de Bombeiros estiveram acompanhando a manifestação com o objetivo de evitar qualquer conflito e manter a segurança tanto dos protestantes brasileiros, quanto dos venezuelanos que permaneciam na praça.

O agente da PRF, Antônio Nicoletti, explicou que a equipe tomou conhecimento através de populares e das redes sociais. “A função da PRF é garantir a segurança na rodovia, então, nós chegamos ao local e conversamos com os organizadores e demos a sugestão que o protesto fosse feito no canteiro central, de forma pacífica e sem incitação de violência”, pontuou.

O inspetor Paulo Peres, da Guarda Civil Municipal, informou que 25 agentes da Prefeitura de Boa Vista foram acionados para permanecer no local, munidos de material letal e não letal, para evitar qualquer transtorno. Uma equipe do Corpo de Bombeiros também realizou a fiscalização e outras equipes já estavam de prontidão no caso de conflito. (P.C)