Cotidiano

Mais de 250 bebês filhos de pais venezuelanos nasceram em BV

Somente no primeiro trimestre deste ano, a Maternidade Nossa Senhora de Nazareth registrou o nascimento de mais de 250 bebês brasileiros, filhos de pais venezuelanos em situação de imigração. Considerando a quantidade total de nascimentos no mesmo período, o fluxo migratório impactou 11% do número de partos.

Segundo dados repassados pela apoiadora técnica da unidade, Dra. Moema Farias, de janeiro a março de 2018 foram registrados 2.291 partos, sendo cesárea ou método normal. Desse total, 253 foram de bebês brasileiros gerados por mães venezuelanas.

De acordo com Moema, a Maternidade normalmente costuma receber pacientes de outras nacionalidades, por exemplo, com registros de mães da República da Guiana, Colômbia, Cuba, Alemanha, Síria e até China. Porém, nada comparado às imigrantes venezuelanas.

“Todos os dias são registrados pelo menos três partos de mães venezuelanas. O quantitativo diário de partos oscila de 27 a 30 nascimentos”, informou a apoiadora.

ÚLTIMOS ANOS – A Maternidade também registrou um aumento de 96,5% no percentual de nascimentos de filhos de pais venezuelanos nos últimos dois anos. Em 2016, dos cerca de 8.600 partos, 288 eram de mães da Venezuela. Já dos cerca de 9 mil partos em 2017, o índice subiu para 566 partos.
Para Moema, a expectativa é que o número de partos deste ano supere ao do ano passado, considerando as estatísticas verificadas somente no primeiro trimestre. Ela ressalta que o maior número de partos, normalmente se concentra nos primeiros meses do ano.

A apoiadora afirma que, embora a unidade tenha se preparado para eventual aumento, o crescimento foi além do esperado. “No plano anual, a gente projeta o número de atendimentos. Sabíamos que ia aumentar, mas não tão subitamente. No plano de 2017 não contamos com isso e assim, a Sesau teve que fazer compras emergenciais para nos abastecer com medicamentos e insumos”, afirmou.

Por conta do impacto, a equipe da unidade afirma que tenta focar na qualidade do atendimento humanizado, atenta às necessidades das pacientes, de acordo com as condições da paciente na hora da internação.

“Na Maternidade, não somos enfermaria somente para abrigar pacientes adoentados ou um setor de emergência. As pessoas vêm aqui concluir um ciclo de felicidade, sair com o seu bebê nos braços. É um momento de alegria e nós queremos manter esse ambiente de felicidade para a mãe, o bebê e a família”, declarou.

REVITALIZAÇÕES – Moema disse que, por conta do fluxo migratório, foi necessário realizar mudanças na unidade de saúde. Entre elas, a transformação de áreas administrativas em áreas de atendimento, o que possibilitou a implantação de mais 20 leitos e uma sala de observação para oito mulheres.

“Antes, quando a mãe chegava, ela já ficava internada. Agora ela fica em observação se tiver alguma dor, algum enjoo, ou tomar alguma medicação. Depois da ultrassom, ou outro exame, passa por médico novamente e se avalia se a paciente é liberada ou se ela irá para internação”, afirmou.

Também foi implantado o Núcleo Interno de Regulação para agilizar a alta médica e a rotatividade. Espera-se pelo aumento das equipes médica e de enfermagem a partir da convocação de aprovados no concurso da Sesau.

Também é expectativa ampliar os serviços para os recém-nascidos como o teste do olhinho e do pezinho. “Em breve vamos implantar uma unidade interligada do cartório, para que a pessoa saia com todos os testes, vacinas e exames atualizados e a certidão de nascimento do bebê”, completou. (P.C.)