Cotidiano

MPF notifica Cantá e Alto Alegre por baixa vacinação em crianças

Menos da metade das crianças desses municípios foram vacinadas contra paralisia infantil nas últimas ações de imunização

Com índices de imunização contra a poliomielite, apontados como preocupantes pelo Ministério da Saúde, Cantá, com apenas 47,51% das crianças vacinadas, e Alto Alegre, com 46,09%, os Municípios estão na mira do MPF (Ministério Público Federal), que oficiou mais de 300 cidades em todo Brasil, que apresentaram baixo desempenho na ação de imunização das crianças com menos de cinco anos de idade.

A instituição fiscalizadora quer que as prefeituras adotem as medidas necessárias para garantir a adequada vacinação das crianças. A recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde) é que o índice de imunização contra a poliomielite ou paralisia infantil, como é conhecida, se mantenha em 95%.

A gestão de Saúde do Município de Alto Alegre justifica a baixa cobertura registrada no Ministério da Saúde, pouca procura por parte da população, segundo informações da Coordenação de Imunização, as unidades de saúde na sede da cidade seriam de fácil acesso e as salas de vacinação estariam todas abastecidas.

O mesmo não aconteceria nas localidades mais afastadas. A coordenadora de do Programa de Imunização do Município, Patrícia Cortez explicou que nesta época do ano, estradas e vicinais tem o acesso dificultado devido as fortes chuvas.

Segundo ela, para reverter o problema, equipes de Saúde já estariam realizando um trabalho de busca ativa, ações de intensificação nas unidades e também em pontos estratégicos de suas respectivas áreas. “Um carro de som também está percorrendo o município para chamar a atenção da população. A procura, no entanto, não tem sido como esperamos. Com isso, as equipes estão montando micro programações com o objetivo de vacinar de casa em casa”, afirmou.

Além das situações relatadas, outro problema seria o precário acesso à internet, que acaba implicando na demora do abastecimento do sistema com os dados da vacinação. “Estamos correndo atrás para corrigir essa distorção, pois os números não batem. Temos muito mais doses aplicadas. Precisamos abastecer o sistema”, declarou.

No Cantá, a Prefeitura ainda não foi notificada a respeito da ação do MPF. Segundo a coordenadora da Vacinação contra Poliomielite, da Municipal de Saúde, Danielle Souza, a vacinação na sede da cidade tem em média 80% de cobertura no total. Já nas vilas e vicinais, também em razão das dificuldades existentes para deslocamento e de transporte, pelas estradas e vicinais, a cobertura vacinal é menor. 

“Como este ano o sistema de informações que processa a quantidade de atendimentos está sendo atualizado, os números e índices ainda não podem ser fornecidos. Mas podemos adiantar que nos próximos dias, a Secretaria de Saúde receberá duas caminhonetes, que ajudarão a incrementar a atuação da coordenação da atenção básica”, garantiu para o reforço da vacinação.

RECOMENDAÇÃO – No ofício do MPF, a procuradora federal dos Direitos do Cidadão, Deborah Duprat, solicita que seja ampliado o horário de funcionamento das salas de vacina, a fim de assegurar a pais e responsáveis a possibilidade de atendimento fora do horário comercial. 

O MPF também pede que seja rigorosamente observado o Calendário Nacional de Vacinação, ainda que se tenha que aplicar mais de uma dose por vez – exceto se houver recomendação médica em contrário.

As 312 prefeituras terão de assegurar a implantação do Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunização e o treinamento adequado de servidores responsáveis pela utilização do sistema, para que as informações de cobertura vacinal cheguem regularmente ao ministério.

Devem ser adotadas ainda medidas para que profissionais da atenção básica – inclusive agentes comunitários de saúde – façam busca ativa de crianças de sua área de abrangência que não estejam com a caderneta de vacinação em dia. 

As escolas também deverão ser chamadas a contribuir com o cumprimento do calendário, sendo orientadas a verificar, no momento da matrícula, a caderneta de vacinação do aluno e a informar à família e às autoridades sanitárias casos de ausência de doses obrigatórias.

PARALISIA INFANTIL – A poliomielite ou “paralisia infantil” é uma doença infecto-contagiosa viral aguda, caracterizada por um quadro de paralisia flácida, de início súbito. O déficit motor instala-se subitamente e sua evolução, frequentemente, não ultrapassa três dias. Acomete em geral os membros inferiores, de forma assimétrica, tendo como principal característica a flacidez muscular, com sensibilidade conservada e arreflexia no segmento atingido.

A transmissão ocorre por contato direto pessoa a pessoa, pela via fecal-oral (mais frequentemente), por objetos, alimentos e água contaminados com fezes de doentes ou portadores, ou pela via oral-oral, através de gotículas de secreções da orofaringe (ao falar, tossir ou espirrar). A falta de saneamento, as más condições habitacionais e a higiene pessoal precária constituem fatores que favorecem a transmissão do poliovírus.

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