Polícia

MP denuncia acusado de matar evangélico

Ao passar-se por corretor de móvel, homem roubou mais de R$ 400 mil de igreja e ainda matou um evangélico, conforme o processo

O Ministério Público do Estado de Roraima (MPRR) denunciou José Nilton Dias Gomes, 42, por latrocínio, roubo seguido de morte, em razão do assassinato de Gilberto Araújo Filho, 32, e ainda pela subtração do valor de R$ 450 mil pertencentes a uma igreja evangélica em Boa Vista, da qual a vítima fazia parte. O fato ocorreu em maio de 2015.

Conforme a denúncia do MPRR, em janeiro deste ano, José Nilton passou a frequentar a mesma igreja que a vítima e, ao ter conhecimento do interesse dos membros em comprar um terreno para a construção da sede própria, elaborou um plano para apropriar-se do dinheiro da instituição.

De forma arquitetada, o denunciado se passou por corretor de imóveis, falsificou documentos e forjou a venda de um terreno em Boa Vista para a referida igreja. O promotor de justiça Ulisses Moroni Júnior, que investiga o caso, afirma que a intenção do acusado era simular a venda do terreno e receber o dinheiro. “Não houve nenhum registro de transferência do terreno, pois a procuração utilizada pelo acusado era falsa”, destacou.

A legislação brasileira prevê como crime subtrair para si ou para outrem coisa alheia móvel, mediante grave ameaça ou violência à pessoa, ou depois de haver reduzido a impossibilidade de resistência. Se resulta em morte, como foi o caso, a pena é de 20 a 30 anos de prisão.

O CASO – José Nilton ofereceu o terreno para os dirigentes da igreja no Estado do Amazonas, que manifestaram o interesse em adquirir o imóvel pelo valor de R$ 900 mil. Forjando ser a pessoa de confiança do proprietário, o acusado foi até Manaus (AM), onde recebeu a primeira parcela do negócio, um cheque em nome de Gilberto Araújo Filho, no valor de R$ 450 mil.

Gilberto Filho trabalhava como faxineiro no Conselho Regional de Enfermagem de Roraima (Coren) e, sem estar ciente da trama de José Nilton, cedeu a conta bancária para o acusado, com a promessa de que o dinheiro seria para a compra do terreno. “O denunciado disse à vítima que estava se separando da esposa e que necessitava de uma conta bancária ‘emprestada’, pois teria que dividir qualquer valor que fosse depositado em sua conta pessoal”, relata o promotor de justiça.

O acusado foi ao banco no dia 19/05 com Gilberto para sacar os R$ 443 mil e, após se apossar do dinheiro, matou e ocultou o corpo da vítima. Para encobrir o crime, ele relatou aos membros da igreja e à polícia a versão de que Gilson havia sumido com o dinheiro da venda e que a vítima teria planejado toda a fraude desde o início.

“Numa mistura de psicopatia e inteligência voltada para o mal, José Nilton acusou Gilson de fazer o que, em verdade, o acusado fez: tramar a venda fraudulenta do terreno para a igreja. Mas a vítima também fora enganada por José Nilton, foi um instrumento de fraude que, depois de usada, foi morta”, destaca trecho da denúncia.

Os familiares de Gilson notaram seu desaparecimento e comunicaram a polícia. Imediatamente José Nilton surgiu como suspeito, pois a notícia do depósito na conta e o contato entre os dois era de conhecimento das pessoas próximas.

A partir daí, foi iniciada uma investigação policial, que resultou na busca e apreensão de R$ 300 mil da venda do terreno. O valor estava enterrado no quintal da residência de José Nilton. Na ocasião, o acusado foi preso, onde se encontra até então.

O corpo de Gilson foi encontrado pela Polícia Civil no dia 11/07 em um poço dentro de uma propriedade rural localizada no Projeto de Assentamento Jacamim, no Município de Cantá, Centro-Leste do Estado.