Cotidiano

MEC avalia qualidade dos cursos de nível superior em Roraima

Das instituições de ensino superior no Estado, a UFRR e a Faculdade Cathedral receberam as melhores avaliações

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) do Ministério de Educação (MEC) divulgou nesta semana o ciclo de avaliação do ensino superior no Brasil no ano de 2016, conforme o Conceito Preliminar de Curso (CPC) e o Índice Geral de Cursos (IGC).

De Roraima, foram avaliadas a Universidade Federal de Roraima (UFRR), a Universidade Estadual de Roraima (UERR), o Instituto Federal de Roraima (IFRR), a Faculdade Cathedral, o Centro Universitário Estácio da Amazônia e a Faculdade Roraimense de Ensino Superior (Fares).

A UFRR e a Cathedral atingiram os melhores resultados do Estado, com a primeira recebendo nota 3 no índice geral e nota 4 de 5 no curso de Enfermagem. A instituição privada recebeu nota 4 na avaliação geral e nota 4 nos cursos de Odontologia, Farmácia e Fisioterapia e foi a melhor avaliada entre todas as faculdades da Região Norte.

A UERR recebeu nota 3 no índice geral, com o curso de Agronomia sediado em Boa Vista sendo avaliado com nota 2. O curso de Enfermagem, promovido em Alto Alegre, recebeu nota 3 e de Serviço Social, sediado em Boa Vista, recebeu nota 3. Já o Instituto Federal recebeu nota 3 no índice geral, com o curso de Tecnologia em Gestão Hospitalar sendo avaliado com nota 3.

A Estácio se manteve na média com uma avaliação de 3 pontos, tendo os cursos de Serviço Social, Tecnologia em Agronegócios e Tecnologia em Gestão Ambiental avaliados com nota 3. Por fim, a Fares recebeu nota 2, com os cursos de Agronomia e Enfermagem da instituição também recebeu nota 2.

Método de avaliação prejudicou notas dos cursos de Medicina e Agronomia, justifica UFRR

Apesar de alguns resultados positivos, a UFRR também sofreu com avaliações negativas, com o curso de Medicina e Agronomia recebendo nota 2 no Conceito Preliminar de Curso. No entanto, a instituição ressaltou que o método de contabilização de pontos prejudica a avaliação do curso.

Conforme a Pró-Reitora de Ensino e Graduação da UFRR, Lucianne Vilarinho, a composição do CPC leva em consideração as notas das provas do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Enade), do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e o Índice do Desempenho Observado e Esperado do Discente (IDD).

“Esse índice é uma avaliação que o Inep faz, com uma perspectiva do aluno que entra e o aluno que sai da instituição”, informou. “Eles avaliam e fazem um comparativo entre a nota do aluno na entrada da universidade, que é o Enem e a nota que o aluno obteve quando está para concluir o curso, no Enade”, completou a pró-reitora.

Acontece que, em Roraima, o método de entrada mais utilizado pela UFRR é o próprio vestibular da instituição. “No curso de Medicina, nós temos 80% das vagas direcionadas para o nosso vestibular, para valorizar o Estado e a entrada dos alunos da região. Dos 26 alunos que estavam aptos para fazer a prova do Enade, 24 fizeram essa prova e apenas dois desses alunos entraram pelo Enem”, disse.

“O curso de Enfermagem que recebeu nota 4 e o de Zootecnia, com nota 3, a exemplo dos demais cursos da Universidade, disponibiliza 50% das vagas para o ENEM e o IDD foi contabilizado em cima dessa porcentagem. Já os alunos de Medicina não são contabilizados para o IDD, uma vez que não entraram pelo Enem. O Inep não avalia esses alunos, o que resulta nesse dado negativo”, explicou.

O reitor da UFRR, Jefferson Fernandes, informou que, apesar do baixo índice, a instituição não abre mão de continuar realizando a sua própria seleção de alunos com o Vestibular e não somente por meio do Enem. “A explicação para esse índice baixo é o acesso ao Ensino Superior e a gente não abre mão. Nós, como instituição, devemos dar o acesso via vestibular para as pessoas da região. É a função social do curso de Medicina. O coordenador do curso e membros do curso são pessoas que são referência nacional para opinar sobre a qualidade do curso de Medicina no país. A explicação é técnica e muitas vezes não fica esclarecido esse processo e é nosso papel informar. A gente entende que do ponto de vista social é importante”, afirmou o reitor.

AGRONOMIA – Com relação ao curso de Agronomia, os representantes da UFRR também informaram que ocorreu um problema na avaliação, desta vez, na escolha dos alunos que prestaram o Enade em razão da greve na instituição.

“Agronomia tinha uma nota 4 nos últimos anos e foi para nota 1 no último Enade. O que aconteceu foi um problema no momento de gerar a lista dos alunos que iam fazer o Enade. A prova do Enade foi aplicada em outubro de 2016 e a maior parte dos alunos se formaria em 2017, em função da greve. No momento de gerar a lista dos prováveis formandos, foi feita uma lista que subestimou esses alunos. Somente 26% dos alunos fizeram a prova e desses a grande maioria não concluiu o curso. A lista foi gerada em cima de alunos que já estavam com uma retenção”, explicou Lucianne.

O reitor da UFRR acrescentou que os demais cursos avaliados, como Medicina, Enfermagem e Zootecnia, não foram afetados pela greve por conta de suas características específicas. “Os professores dos cursos de Medicina e Enfermagem normalmente não aderem à greve e a Zootecnia é um curso de meio de ano. Agronomia, como começa no início do ano, foi impactado negativamente”, frisou.

Priorização do aluno contribui para boas avaliações, acredita Cathedral

De acordo com o presidente da instituição da Cathedral, Haroldo Campos, os índices positivos da unidade de ensino têm sido estáveis ao longo dos últimos anos, o que, para ele, representa um reflexo da prioridade do repasse do conhecimento aos alunos de uma forma mais prática.

“Em edições passadas, nos anos de 2014, 2015 e 2016, os cursos de Administração, Ciências Biológicas, Direito, entre outros, também obtiveram conceitos máximos, de 4 e 5, possibilitando, por três anos consecutivos, que a instituição fosse classificada no Índice Geral como conceito 4, situando-a entre as melhores instituições da educação superior nacional, incluindo públicas e privada”, disse o presidente.

Haroldo informou que, para manter estes conceitos, a Cathedral investe na formação do estudante, fazendo com que ele acredite na importância da avaliação do Inep/MEC e que sinta orgulho em representar a sua instituição. “A nossa primeira preocupação é manter o nosso aluno satisfeito. Quando o aluno está seguro do conhecimento e feliz, quando chega o Enade, eles vão fazer em peso, dando valor para sua unidade de ensino e o seu curso. Cria-se um estímulo. No dia do Enade, os coordenadores ficam lá na frente, entregando água e motivando. No último ano, nós damos aula extra para eles, assim como os alunos de Direito que vão prestar o exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)”, explicou.

Outros fatores que contribuem, acredita o presidente, são o desenvolvimento de um projeto pedagógico de excelência, professores titulados e qualificados, além de uma estrutura moderna e com laboratórios e clínicas didáticas equipadas para o atendimento da comunidade.

Demais instituições afirmam que visam melhoria dos índices com qualificação profissional

A Universidade Estadual de Roraima afirmou que mantém o compromisso com a qualidade do ensino superior e tem investido na qualificação dos seus 162 professores efetivos. Segundo a UERR, do total dos docentes, quatro já fizeram pós-doutorado, quatro estão fazendo pós-doutorado, 53 são doutores, 93 são mestres e 16 especialistas. “Até o final de 2019, a Instituição terá 130 doutores, o equivalente a 81,25 % do total dos docentes”, informou.

Quanto ao curso de Agronomia, a UERR informa que tomou as providências necessárias para melhoria da qualidade antes mesmo da avaliação do Inep, mais especificamente em julho de 2016. “O curso havia sido criado nos municípios de Normandia e Alto Alegre, sem a estrutura devida. A atual gestão fixou o curso de Agronomia em Rorainópolis, proporcionando estrutura e corpo docente, necessários para o bom funcionamento do curso e consequentemente melhoria da qualidade do ensino”, explicou.

A unidade também ressaltou que desde 2015 os cursos de graduação da UERR estão sendo ranqueados por outras instituições e têm alcançado notas inéditas. “O Guia do Estudante, da Editora Abril, por exemplo, recomenda diversos cursos oferecidos pela UERR. No Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) somos nota 4 em Enfermagem, Serviço Social e Direito”, disse a instituição.

ESTÁCIO – O Centro Estácio informou que, desde a criação dos ciclos de avaliação pelo Ministério da Educação, o IGC, tanto da Estácio Atual quanto do Centro Universitário Estácio da Amazônia, vem se mantendo. “A equipe pedagógica trabalha para a ampliação desses resultados para os próximos ciclos avaliativos”, frisou. (P.C.)