Polícia

Liderança denuncia presença superior a 5 mil garimpeiros na terra yanomami

Mais de 5 mil garimpeiros estariam na terra yanomami, ao longo dos Rios Uraricoera, Mucajaí e Amajari

O líder político yanomami Davi Kopenawa denunciou à Folha de Boa Vista a presença de mais de 5 mil garimpeiros na Terra Indígena Yanomami, entre os Rios Uraricoera e Amajari. Ele afirmou que a atividade ilegal de garimpo tem causado prejuízos às comunidades, que vêm sofrendo com a falta de peixes devido à água poluída por mercúrio. Além disso, os que dependem da água destes mananciais para consumo, estão sujeitos a doenças e epidemias.

Kopenawa afirmou que desde o ano de 2013 a Terra Yanomami vem sofrendo com a invasão de garimpeiros. A consequência mais grave é a poluição das águas. “Os rios estão muito sujos, o principal rio que passa na terra yanomami tá todo poluído por causa do garimpo. O Exército de vez em quando desmancha um garimpo, mas não demora muito eles voltam”, explicou.

Ele afirmou que ao todo, existem cerca de 5 mil garimpeiros, o que representa 20% dos 25 mil indígenas que vivem nas proximidades dos dois rios. “Eles estão por todo lado e tem alguns indígenas, principalmente jovens, que não fazem parte de nenhuma liderança indígena, que estão facilitando a entrada desses invasores em troca de dinheiro. Eles chegam a receber entre R$ 100 e R$ 500 mil por isso. Essa quantia é pouca, comparada ao que eles vão faturar com a atividade ilegal”, lamentou.

Segundo Kopenawa a presença dos garimpeiros também provoca mudanças na vida das comunidades. “Eles levam a prostituição, armas, bebidas alcoólicas. Isso tudo tem causado problemas para as comunidades, principalmente entre os mais jovens”, relatou.

DENÚNCIA – O líder yanomami afirmou que já foram feitas denúncias junto à Polícia Federal, Ministério Público Federal e Funai. “A Agência Nacional das Águas (ANA) estudou a água poluída e encontrou anormalidades. As demais instituições estão investigando. É isso que sabemos, mas enquanto isso eles continuam lá”, disse.