Política

Leocádio nega estar envolvido com superfaturamento na Sesau

Ele disse ser difícil para o secretário constatar a formação de cartel entre as empresas

O atual secretário estadual de Educação, Leocádio Vasconcelos, convocou a imprensa na manhã desta quarta-feira, dia 24, para negar envolvimento com o caso de desvio de dinheiro na Saúde detectado por meio de auditoria pelo Tribunal de Contas do Estado. O caso veio à tona no início desta semana, depois que o relatório do conselheiro Henrique Machado foi apresentado em sessão, e uma medida cautelar foi aprovada por unanimidade pelo pleno do órgão. Entre as sanções, está a indisponibilidade dos bens de Leocádio, apontado na auditoria do TCE com um dos responsáveis.
Questionado pela Folha sobre a existência de um possível cartel – acordo entre empresas – dentro da secretaria de Saúde, Leocádio disse que o conselheiro Henrique Machado teria sido “precipitado”. “Primeiro por que ele não tem como saber disso. Segundo, tem um controle rigoroso, na central, a DAF [Divisão de Acompanhamento Financeiro], que é regularizado lá”. (SIC)
Por outro lado, o ex-secretário de Saúde admitiu que dentro das unidades, esse rigor deixa a desejar. “Agora lá dentro do Hospital a coisa complica, porque aí você lida com uns quatro mil funcionários. Tive que demitir funcionários por roubo de material. Até roubando combustível das ambulâncias eu peguei. Dentro do hospital é difícil ter um controle rigoroso, mas dentro da DAF não. Tudo é fiscalizado. Quanto a cartel de empresas, é outra coisa difícil para o secretário constatar. Infelizmente isso existe no Brasil inteiro”, analisou.
Ele negou que durante a gestão dele tenha tomado conhecimento do descontrole e de sobrepreços apontados pelo relatório do TCE. “Tiveram casos em que nós, antes de homologar pregão, constatamos que os preços estavam muito além dos preços de cotação e cancelamos processos, pois a gente constatou que tinha uma diferença muito além do preço de cotação. E muitas vezes nós deixamos de homologar processo por conta disso”, informou.
Leocádio disse não ter condições de abordar especificamente o caso em que é acusado, por ainda não ter sido notificado pelo Tribunal de Contas até a manhã de ontem, quando concedeu a entrevista. “Eu não sei o que os auditores fizeram, eu não tenho a menor condição de dizer. Eu perguntei ao próprio conselheiro: o senhor acusa com base em quê? Não existe nada nesse processo. Não sei a causa disso aqui, sinceramente”, declarou.
O gestor também disse ter se surpreendido com a forma “inédita”, segundo ele, com a qual o TCE, agiu. “Condenando as pessoas sem sequer notificar. Não estou falando nem no direito de defesa, contraditório que é assegurado pela Constituição Federal. Para mim é surpreendente como Tribunal de Contas, que é a própria Justiça brasileira, aja assim. Ela não condena ninguém sem que lhe assegure o amp?o direito de defesa. O Tribunal de Contas, na prática, condenou, sem me notificar”, frisou.
Ele adiantou durante a entrevista que ainda ontem ajuizaria um mandado de segurança no Tribunal de Justiça, pedindo a suspensão da decisão do julgamento do mérito da questão. “Se lá for constatado que arrebente quem cometeu. Até agora eu só recebi uma notificação para indisponibilizar meus bens. Eles não foram bloqueados. Eles estão me condenando sem me notificar. Isso é o fim da picada”, declarou.

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