Polícia

Justiça determina prisão de “Domingão” por contundência das provas criminais

Suspeito ficará preso por 30 dias, conforme determinação da Justiça; Prisão pode ser prorrogada

Em coletiva de imprensa, a Polícia Civil apresentou o principal suspeito de ter matado e ocultado pelo menos três corpos em uma chácara na região de Monte Cristo. O condenado da Justiça Domingos Macedo Brito Filho, de 56 anos, vulgo “Domingão”, negou os crimes e não quis falar sobre o caso. Ele estava acompanhado de seu advogado.

O delegado titular da Delegacia-Geral de Homicídios (DGH), Cristiano Camapum, explicou as razões pelas quais a prisão temporária de “Domingão” foi determinada. “Foi solicitada a prisão temporária do Domingos e, desta forma, foi decretada pelo juiz. Estamos apresentando ele em razão dessa decisão judicial. Ele cumpria pena em regime semiaberto. A polícia chegou até ele depois de várias provas colhidas no decorrer das investigações, várias testemunhas colocam ele como responsável. Nós temos notícia de que os rapazes teriam sido amarrados na chácara e ficaram sob a custódia ilegal dele, em cárcere privado”, relatou.

A prisão temporária tem prazo de 30 dias, podendo ser prorrogada pelo mesmo período. Enquanto isso, as investigações prosseguem, a fim de provar a autoria e comprovar a materialidade do crime. “Comprovada a autoria do crime, a gente relata o inquérito, concluindo a investigação e indiciando ele. Nesse decorrer, vamos investigar outras pessoas para saber quem possa ter ajudado ele nessa prática do crime. Queremos saber se teve o envolvimento de outra pessoa. Concluindo as investigações, estando comprovado que ele é autor, ele responde por homicídio qualificado das vítimas e provavelmente vai ser indiciado por cárcere privado, por tortura e ocultação de cadáver. O laudo vai trazer a causa da morte e, eventualmente, se houve algum ato de tortura”, ressaltou o delegado responsável pelo caso.

Nos primeiros dias de investigação, após o sumiço dos menores I.P.S., vulgo “Caxiri”, e D.D.S.L., que são primos, ambos de 17 anos, foram vistos pela última vez indo para a propriedade do suspeito, a Polícia Militar (PM) foi acionada, realizou buscas e fez questionamentos a Domingos, mas ele também nega que os menores trabalhavam para ele. “Estamos apresentando ele porque é o principal suspeito da morte e responsável pela área em que essas três ossadas foram encontradas. Nós vamos aguardar o exame para comprovar as identidades, mas os homicídios foram comprovadamente praticados”, reforçou Camapum.

As investigações vão continuar enquanto Domingão permanece preso. “Vamos relatar e mandar para a Justiça, indiciando ele como responsável pelas mortes”, concluiu o delegado. (J.B)

Suspeito dos crimes ficará preso na Cadeia Pública por ter desafetos na Pamc

Durante depoimento à Polícia Civil, na manhã de ontem, dia 5, Domingos Macedo Brito Filho, o “Domingão”, revelou preferência para que seu recolhimento seja feito na Cadeia Pública de Boa Vista (CPBV), em vez da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc), na zona Rural, onde cumpriu parte de sua condenação de 76 anos de prisão por ter sido autor de uma chacina no ano de 1996, no bairro Pintolândia.

O pedido do suspeito foi feito durante interrogatório. “Nós estamos em contato com o sistema para recolher ele na Cadeia Pública. Ele fala que não quer ir para a Penitenciária. Às vezes, a pessoa tem rixas, brigas ou ameaças, então a gente sempre procura ouvir a pessoa que é recolhida para evitar qualquer problema. Ele fala que tem desafetos na Penitenciária e que estaria seguro na Cadeia Pública. Não estamos querendo beneficiá-lo, mas é da responsabilidade da Polícia Civil e do Sistema Prisional, manter a integridade física do preso”, observou o delegado Cristiano Camapum.

O suspeito cumpre pena no sistema penitenciário há mais de 20 anos e nos últimos sete estava em regime semiaberto, indo aos pernoites no Centro de Progressão Penitenciária (CPP).

Domingos não quis se pronunciar diante dos questionamentos da imprensa, mas revelou à autoridade policial que foi pego de surpresa sobre as ossadas na propriedade que tem domínio.

O advogado de defesa de Domingos, Sulivan Barreto, disse que o cliente prefere o direito de se manter em silêncio. “Após a conclusão do inquérito serão disponibilizadas mais informações à sociedade, onde será apresentada a defesa”, informou Barreto. (J.B)

Polícia descobre novas provas e vai investigar denúncias

Durante as buscas por mais corpos na propriedade de “Domingão”, além das ossadas encontradas no poço, os policiais conseguiram localizar a motocicleta que teria sido usada pelos adolescentes na noite do dia 11 de dezembro, quando desapareceram. O veículo estava nas imediações da propriedade do suspeito. 

“Nós conseguimos identificar que a moto que os adolescentes usaram para chegar ao local foi achada abandonada nas imediações da propriedade. O desenrolar de todas essas situações levou a polícia a apontá-lo como suspeito. As investigações seguem para conseguir juntar o maior número de provas contra ele”, complementou o delegado responsável pelo caso, Cristiano Camapum.

Outro fato que chamou a atenção da Delegacia-Geral de Homicídios (DGH) é que, ao analisar as condições das ossadas, descobriu-se que uma delas aparentava estar a mais tempo dentro do local em relação às outras duas, o que indica que um corpo já estava dentro do poço há algum tempo, quando os outros dois foram jogados.

Além disso, a reportagem da Folha recebeu uma denúncia de que pessoas que trabalham na propriedade de “Domingão” vivem em condições subumanas e até mesmo em trabalho escravo, no entanto, a DGH declarou que essa investigação deve ser atendida por outra delegacia e que sempre há desdobramentos quando um caso é desvendado.

“Toda investigação gera consequências imediatas, então tudo o que for encontrado, que não tem relação com a DGH, encaminharemos para a Delegacia especializada naquele assunto e sempre tem desdobramento. É muito difícil um caso não ter outros desdobramentos. A gente informa aos órgãos responsáveis e são tomadas as providências”, acrescentou Camapum.

No que se refere a uma nova escavação no poço com o objetivo de encontrar mais restos mortais, a Polícia Civil descartou a possibilidade de haver mais material humano no poço, uma vez que foi cavado até chegar em uma rocha. (J.B)