Cotidiano

Justiça adia julgamento sobre uso de arma da PM em triplo homicídio

O réu não pôde comparecer devido à aplicação das provas do Enem Prisional

A Justiça adiou o julgamento do ex-policial militar, Felipe Quadros, pelo uso de uma arma da corporação no triplo homicídio cometido por ele em novembro de 2015. Uma nova data deverá ser anunciada ainda esta semana, segundo informou o promotor de Justiça do Ministério Público de Roraima (MPRR), Carlos Paixão.

À Folha, o promotor contou que o adiamento pegou a todos de surpresa, uma vez que o julgamento estava em condições de ser realizado. O motivo alegado pela defesa foi a participação do réu no Exame Nacional do Ensino Médio para pessoas privadas de liberdade, o Enem Prisional, cujas provas foram aplicadas na terça-feira, 12, e na quarta-feira, 13.

“Estava tudo acertado para acontecer hoje [quarta-feira, 13], só que a informação que nos repassaram é que ele [Felipe Quadros] está fazendo o tal do Enem Prisional, o que o impediu de comparecer ao julgamento. O que realmente nos causou espanto foi que deixaram para avisar em cima da hora, ocasionando esse adiamento”, disse.

A arma em questão, segundo Paixão, é uma PT 100. Pelo fato de o objeto ser de uso da corporação e por ter cometido o crime na condição de policial, Quadros acabou cometendo um crime militar, com punição prevista de até três anos de prisão. “A arma utilizada para matar essas três pessoas era uma pistola da PM e depois ele sumiu com essa prova. Disse que havia jogado fora e não lembrava o local do descarte. Com isso, ele acabou cometendo um crime militar, que prevê uma pena de um a três anos de prisão. Caso condenado, essa pena vai ser somada a outra que ele já possui”, completou.

ENTENDA O CASO – No dia 9 de novembro de 2015, o então soldado da Polícia Militar Felipe Quadros, na época com 22 anos, executou três pessoas com uma arma da corporação. As duas primeiras vítimas, Jannyele Figueira, 28 anos, e Eliézio Oliveira, 50 anos, eram pai e filha. O crime foi registrado pelo circuito de câmeras da residência da família da estudante de fisioterapia.

Ao deixar o local, o ex-PM foi em direção à casa do filho da terceira vítima, Ernane Rodrigues, 47 anos, no bairro Caimbé, também na zona Oeste. Ao chegar à residência, o ex-policial chamou pelo rapaz, mas quem o recebeu foi Ernane, que na época era dono de uma empresa do ramo de locação de veículo. O empresário não teve com se defender dos disparos efetuados por Quadros. Um vizinho de Ernane, Levinho Alves, também foi alvejado, mas sobreviveu ao ataque.

EXPULSÃO E CONDENAÇÃO – A expulsão de Felipe Quadros da Polícia Militar ocorreu no dia 29 de janeiro do ano passado. Na época, o Conselho de Disciplina da PM considerou que a conduta do rapaz violou, de forma grave, os preceitos e valores que foram repassados durante a formação militar e cultivados pela Corporação.

Já o julgamento do ex-PM pelo tríplice homicídio, só veio a ocorrer no dia 19 de outubro deste ano. A pena proferida pela titular da 1ª Vara do Tribunal do Júri, juíza Lana Leitão, foi de 81 anos, nove meses e 15 dias de prisão em regime fechado. Por já ter cumprido quase dois anos de prisão, a pena restante a ser cumprida por ele será de 79 anos, dez meses e quatro dias. (M.L)