Política

Junior da Vanda afirma que vai ser candidato ao estilo Davi contra Golias

Folha dá continuidade às entrevistas com pré-candidatos que já divulgaram seu interesse em disputar o Governo de Roraima

O líder comunitário Junior da Vanda (PRTB) é o terceiro a participar da rodada de entrevistas com possíveis pré-candidatos ao Governo de Roraima. Ele respondeu às perguntas sobre cenário eleitoral, programa de governo e avaliou a atuação política roraimense. Ele disse que sua candidatura será semelhante à luta de Davi contra Golias. Confira:

Folha: Como o senhor vê sua aceitação no meio político? Tem possibilidades de concorrer ao cargo de governador?

Junior da Vanda: Em primeiro lugar, agradeço à Folha por promover esse espaço de entrevistas, dando democraticamente oportunidade aos que manifestaram a intenção de lançar suas pré-candidaturas ao Governo de Roraima. Os demais órgãos de imprensa são excludentes a candidatos do meu extrato social. Em segundo lugar, sobre a minha aceitação no meio político, os políticos conservadores têm que respeitar a democracia. Se a mesma permite que pessoas como eu possam lançar candidaturas, não devem se opor ou impedir.

Os candidatos de partidos maiores discriminam muito os candidatos menores. Exigem cláusulas de representação do partido junto à Câmara Federal, número de representantes, Assembleia e Câmaras municipais para participar de debates em jornal impresso, televisão, rádio ou entidades de classe ou patronais. Não é fácil levar uma candidatura dessa magnitude. Eu sei o que passei em 2004, quando lancei minha candidatura a prefeito aos 30 anos, aqui, em Boa Vista, pelo PRTB, partido que estou filiado atualmente, e sei que o mesmo não tem pretensão de lançar majoritária a governador. Então já passei por isso! Agora, com 43 anos, saberei desdobrar essas práticas de políticos conservadores.
           
Folha: Esse é um sonho seu então ou apenas o momento político oportuno?

Junior da Vanda: As duas coisas. Um sonho e o momento oportuno. Quando criança, aos 11 anos, quando o presidente Tancredo Neves morreu, fiquei admirado de tanta gente chorando. Eu, interiorano do sul do Pará, de Serra Pelada, não sabia interpretar tudo aquilo. Me explicaram e desde então quis ser uma pessoa que resolvesse problemas de multidão. Quando cresci, aumentou ainda mais essa vontade e tenho trabalhado para isso como se vê nas minhas pretensões: prefeito/ governador. Estou alegre com o resultado das eleições no Amazonas de domingo passado, onde mais de 35% do eleitorado disseram não à classe de políticos tradicionais de eleições. Esse resultado me deixou muito mais otimista e me fortalece ainda mais, pois o que aconteceu lá será refletido aqui em Roraima.

Folha: Cite nomes que poderiam compor sua chapa ou alianças? Seriam ligados todos a que setor especificamente?

Junior da Vanda: Eu sou oriundo politicamente de associações de bairros de característica comunitária popular, e uma candidatura da envergadura majoritária, como a de governador, acontece na base de diálogos e alianças tanto com grupos de candidatos como partidos e pessoas da sociedade em geral. Meu perfil de político é no campo filosófico, econômico e social do trabalhismo.
Procuro um partido nesse perfil e que não esteja ligado aos “florentinas” da política roraimense, que estão mandando nos governos estadual e municipal para construirmos um novo rumo político. Estou em conversa com oito pré-candidatos ao Senado e mais de 40 pré-federais, bem como uma centena de estaduais.            

Folha: Quais suas propostas para melhorar o estado? Quais seriam as prioridades de um governo comandado pelo senhor?

Junior da Vanda: A minha proposta de governo é uma só: produzir comida para gerar empregos. Através da produção de comida, desencadearemos as demais atividades dos setores industriais e de serviços. As prioridades do meu governo seriam transferência da sede administrativa para o Novo Paraíso, no Km 500, para fortalecer a política econômica do Estado na agricultura e no turismo. Também criarei um subgoverno na região norte de Roraima de administração indígena para o fortalecimento da produção de comida. As demais políticas públicas e sociais seriam voltadas para educação, saúde, segurança, servidores públicos, habitação, esporte, lazer, cultura e turismo. Serão tratadas de formas urgentes e especiais para resultados efetivos eficientes e eficazes.            

Folha: Qual a avaliação que o senhor faz do atual governo e dos anteriores?
 
Junior da Vanda: Roraima foi um Estado que nasceu em plena efetivação da Nova República, com um governador de origem militar na incumbência da implantação das bases fundamentais de condução política/econômica / administrativa e social. No governo Ottomar, como a tradição militar era estradas e energia, Roraima ficou bem assistida com as BRs 174, 201 e 401, além da hidrelétrica de Jatapu.

O governo Neudo foi marcado pela continuidade de estradas, pontes, energia e educação. O governo Flamarion pouco se fez devido à interrupção do mandato, sendo marcado pelas demissões em massa e a efetivação de concursados. Anchieta deu atenção a vicinais, distribuição de energia. O governo Suely, ainda ao meu ver, não tem uma marca definida até porque está em curso o mandato. Observa-se que nenhum desses governos trabalhou para o aumento da riqueza do povo e do poder de compra do cidadão roraimense.            

Folha: Seu secretariado teria perfil técnico ou político?

Junior da Vanda: A minha proposta será a criação de conselhos para as pastas administrativas com representações da sociedade. Todas as classes possíveis. Não terá uma só pessoa no secretariado. Serão pessoas técnicas, políticas, acadêmicos e populares com as devidas cotas por seguimento.            

Folha: O senhor tem receio de concorrer com algum candidato? Tem alguém que lhe assuste enquanto político?

Junior da Vanda: Receio não tenho não. Mas me preocupa muito com o poder econômico de certos candidatos que influenciam na decisão eleitoral. Está de parabéns o TRE do Amazonas que cassou o mandato do governador Zé Melo por influência econômica no processo eleitoral.           

Folha: Acha que tem chances de vencer o pleito concorrendo contra a máquina governamental?
 
Junior da Vanda: Vou lutar como Davi contra Golias. As ‘florentinas’ vão se ver com o povo agora! Vai ser briga de gigantes! Eu quero passar entre as pernas deles e insurgir no segundo turno. O povo está cansado e só elegeu a atual governadora por se sentir lesado em 2010. Mas hoje é tudo repeteco.

Folha: Como seria a atuação da bancada Federal em seu governo?

Junior da Vanda: Acho que não teremos mais o senador Jucá como candidato ao Senado em 2018 por Roraima, e a bancada federal atual será renovada em mais de 70%, como também a do parlamento estadual.

Mas, caso não mude, temos que utilizar essa grande fonte de recurso federal para promover a produção de comida em Roraima. Vai faltar comida no território caribenho e Roraima vai ser o José do Egito, fornecendo comida para seus irmãos e demais povos. Só a nossa vizinha Venezuela tem 30 milhões de pessoas que comem todos os dias. Se num futuro bem próximo vendermos somente 1% para eles, teremos toda uma população de Boa Vista para vender comida.            

Folha: O que o eleitor pode esperar do senhor em caso de possível candidatura e eleição?

Junior da Vanda: um candidato que, se eleito, vai trabalhar com o povo e que vai educar pedagogicamente o povo a formular suas vontades e colocar em debates para execução. E ao final do governo, teremos um Estado mais forte. Comida é poder!

O poder do mando não é só de um grupo, nem de uma só classe e nem de uma só família. O poder é do povo como um todo, indígenas, ricos, pobres, brancos, negros entre outras maiorias e minorias.

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