Política

Jucá é chamado de golpista por manifestantes após votação de MP

O líder do governo no Senado, Romero Jucá (MDB), foi hostilizado ontem, 9, no Congresso, por um grupo de manifestantes contrários à privatização da Eletrobras. Ao deixar a comissão mista que aprovou no período da manhã o texto principal da Medida Provisória 814/2017, que abre caminho para a venda da empresa, Jucá foi cercado por aproximadamente 15 pessoas, que, aos gritos, o chamavam de “golpista”. 

Os manifestantes gravaram vídeos e divulgaram textos falando sobre a atuação do senador na venda da Eletrobras. O sindicalista Wellington Diniz, representante da Federação Nacional dos Urbanitários, que estava no local, disse que é surpreendente que um político aprove medidas contra seu próprio estado.

“Essa aprovação foi vergonhosamente conduzida pelo senador Romero Jucá, onde o governo do Michel Temer aprovou o texto da medida que coloca o sistema de Roraima em situação de colapso, pois o sistema elétrico do Estado vai continuar isolado e sujeito a apagões. Infelizmente o senador votou favorável a um texto que vai prejudicar seu próprio Estado. A população tem que execrar da vida pública quem não luta pelo lugar que representa”, disse o sindicalista.

PRIVATIZAÇÃO – A Medida Provisória (MPV) 814/2017, que reestrutura o setor elétrico e permite a privatização da Eletrobras, foi aprovada ontem pela comissão mista encarregada de examiná-la. O texto foi aprovado na forma de um projeto de lei e segue para o plenário da Câmara dos Deputados. Foram 17 votos a favor e sete contrários.

A MP excluiu da lei que trata da comercialização de energia elétrica o artigo que retirava a Eletrobras e suas controladas do Programa Nacional de Desestatização (PND). Ainda ontem o relator modificou o texto, o que levou a novo adiamento da votação. Enquanto a MP editada pelo governo tem quatro artigos, o texto sugerido pelo deputado Júlio Lopes tem 28 artigos e trata de outras mudanças no setor elétrico. O senador Romero Jucá defendeu a MP e o texto do relator, apontando para a necessidade de mais investimentos no setor elétrico.

A MP 814 destrava a licitação das seis distribuidoras da estatal, que atuam no Amazonas, Acre, Roraima, Rondônia, Alagoas e Piauí. Se não for aprovada nos plenários da Câmara e do Senado até 1º de junho, a MP perde validade. O edital de venda das empresas está em análise no Tribunal de Contas da União (TCU).

OUTRO LADO – A reportagem da Folha procurou a assessoria de imprensa do senador Romero Jucá, que informou que ele não comentaria o assunto pelo fato de serem apenas cinco manifestantes ligados à CUT que estavam na saída da Comissão. Também informou que a manifestação não foi apenas contra ele, mas contra todos os parlamentares que estavam presentes na análise do relatório.

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