Cotidiano

Inadimplência chega aos 64% e Basa decide suspender novos financiamentos

A forte estiagem que atingiu principalmente o homem do campo é um dos fatores apontados para a alta inadimplência

O alto índice de inadimplência na agência de Boa Vista, que chega a 64% dos contratos com pequenos agricultores, fez a gerência do Banco da Amazônia S/A (Basa) fechar as portas para novos investimentos através do Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf) para o Plano Safra 2016/2017.

Segundo o gerente, Liercio Soares, em valores, a inadimplência chega a 18% dos R$ 3,3 milhões investidos nos últimos cinco anos, isso tirando os três anos de carência para o início do pagamento. “Uma parte está atrasado desde a primeira parcela e outros a partir da segunda parcela”, disse. 

Ele informou que, devido ao alto índice de inadimplência, o banco está impedido de operar com novos contratos. “Devido a essa alta inadimplência, a maioria dos municípios se encontra bloqueada pelo percentual de gatilho, e isso nos impede de operar. Os novos clientes que precisam ser atendidos devem se deslocar para a agência de Caracaraí”, disse.

“A princípio só vamos operar com a renovação daqueles clientes que estão em dia com o banco e terão acesso ao crédito através de renovação. Já para os que ainda não têm experiência creditícia, não haverá essa possibilidade de crédito”, complementou.

Para os novos clientes, que devem procurar a agência do Basa em Caracaraí em busca de créditos, Soares informou que devem estar munidos de um projeto econômico de viabilidade dentro do que estabelece as linhas do Pronaf , que tem limite de R$150,000,00, e deve apresentá-lo até o dia 30 de junho. Também devem apresentar documentos pessoais dos proponentes e da propriedade. “Para quem ainda não tem o título definitivo da terra, o Basa aceita a autorização de ocupação da terra liberada pelo Iteraima [Instituto de Terras de Roraima] para os projetos do Pronaf”, disse.

Ele afirmou que, para este ano, a previsão é de R$ 4 milhões que serão disponibilizados  para  agricultura familiar para o Município de Boa Vista e os municípios ao Norte do Estado, através do Pronaf. Soares não soube informar o montante de recursos disponíveis para a agência do Município de Caracaraí e municípios ao Sul do Estado, para englobar o investimento geral deste ano em Roraima. Os juros variam entre 2,5% a 5,5% ao ano.

Já para o Plano Agrícola Pecuário, estão sendo disponibilizados R$ 14 milhões para agricultores de pequeno/médio e médio/grande porte no Município de Boa Vista e os municípios ao Norte do Estado.

RECUPERAÇÃO – O gerente do Basa, em Boa Vista, Liercio Soares, disse que assumiu a gerência em Boa Vista há 20 dias e que, entre suas metas, está a recuperação do crédito entre os clientes inadimplentes. “Vamos fazer um trabalho de recuperação de crédito. O foco agora é aproveitar esse intervalo e recuperar o crédito já concedido para que possamos diminuir a inadimplência e voltar a operar normalmente, como essa agência já fez em anos anteriores”, disse.

Ele creditou o alto índice de inadimplência, em boa parte, ao fator climático pelo qual Roraima vem passando nos últimos três anos, apresentado chuvas abaixo da média. “Observamos que, nos últimos anos, a estiagem tem sido mais longa que de costume no Estado. Isso acabou contribuindo fortemente para essa inadimplência”, disse.

Soares informou que já existe um plano de ação do Basa e da Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) para tentar uma solução para o problema. “Falta ainda definir um calendário para nos reunirmos com os agricultores nas vicinais e propor uma negociação da dívida. Inclusive o banco já liberou uma circular para negociação com os atingidos pela estiagem dos últimos anos. Poderemos aumentar o prazo e ter condições de efetuar o pagamento, além de poder liquidar e ter acesso aos novos créditos”, frisou. (R.R)