Cotidiano

Imigrantes recebem atendimento médico no abrigo do Tancredo Neves

Além de atendimentos médicos e odontológicos, a operação viabiliza doações a partir das necessidades dos venezuelanos

Desde o início da semana, os imigrantes venezuelanos alojados no ginásio esportivo do bairro Tancredo Neves, na zona Oeste de Boa Vista, estão recebendo atendimentos médicos e odontológicos, além de doações de alimentos, por meio da Operação Jesus Transforma, que conta com 41 voluntários de todos os estados do País. A ação social encerra neste sábado, 16, com uma grande ceia aos imigrantes. 

O pastor Josivan Rodrigues, natural de Brasília, foi um dos convocados para a ação emergencial. Segundo ele, a ideia da operação surgiu após a visita dos coordenadores gerais do Rio de Janeiro a Roraima, em outubro deste ano, quando constataram a situação de vulnerabilidade dos estrangeiros. “Como se trata de um momento de socorro, formamos a equipe em 15 dias para estar aqui”, disse.

As ações desenvolvidas por meio da operação têm foco nos atendimentos médicos em várias especialidades, serviços odontológicos básicos, como restauração, cirurgias e limpezas, e o abastecimento de alimentos. Rodrigues ressaltou que outras necessidades dos imigrantes, como colchões, cobertores e roupas, estão sendo levantadas pelo líder do grupo. Até o término da operação, ele espera conseguir arrecadar todo o material.

Durante a operação emergencial, a missionária e dentista Germana Alexandrino, uma das coordenadoras do projeto Novo Sorriso, é a responsável pela área da saúde. Por dia, cerca de 100 atendimentos são realizados.

Segundo a dentista, estão sendo priorizados casos de urgência e emergência. Ao todo, os atendimentos médicos contam com quatro dentistas, três médicos e farmacêuticos.

CEIA NATALINA – No sábado, 16, a operação encerra com uma ceia natalina aos estrangeiros. “Pra ver se a gente consegue alegrar um pouco o coração deles, diante de um momento tão difícil”, declarou o pastor. Os interessados em ajudar, por meio de qualquer tipo de doação, podem se dirigir ao ginásio Tancredo Neves, por trás do Estádio Ribeirão, zona Oeste da Capital, das 9h às 12h e das 14h às 17h. (A.G.G)

Com ginásio lotado, venezuelanos aproveitam atendimentos para se tratar

Antes mesmo de entrar, já é possível perder as contas ao tentar descobrir quantos imigrantes estão alojados no ginásio do Tancredo Neves. Desde o mês passado, os venezuelanos que estavam acampados no entorno da Rodoviária Internacional de Boa Vista foram encaminhados ao abrigo.

Conforme um dos venezuelanos, que não quis ser identificado, cerca de 400 imigrantes ocupam o local durante o dia. No início da noite, o número sobe para quase mil. No lado externo, mais de 10 barracas da Defesa Civil são utilizadas por famílias, além de outras barracas menores e redes. Dentro do ginásio, dezenas de redes armadas em qualquer lugar, quase nenhum colchão e ‘camas’ improvisadas com papelão roubam a cena.

Ontem, o almoço foi servido às 14h30min. O cardápio? Arroz e frango, alimentos que foram abastecidos por meio da Operação Jesus Transforma. Em meio a uma situação de vulnerabilidade com a crise no país de origem, os imigrantes viram na ação social uma forma de se sentir melhor.

O venezuelano Haron Gonzales, de 37 anos, chegou à Boa Vista há três dias e, desde então, está morando no abrigo. Por conta da pressão alta, ele explicou que viu nos atendimentos uma forma de cuidar da saúde e da aparência. Na fila de espera, o imigrante informou que também pretende se consultar com um dentista, a fim de ter mais sorte na busca por emprego.

Quem também esperou por atendimento foi a venezuelana Edelvis Lopes, que está na Capital há quase uma semana, e se queixa de dor de cabeça, pressão baixa e dor no estômago. À equipe de reportagem da Folha, ela explicou que os dias têm sido difíceis no abrigo. “Tem dias que a gente come e dias que não temos nada pra comer. Na hora de dormir eu só tenho uma caixa de papelão. Mas depois de melhorar eu vou continuar buscando trabalho”, destacou.

OUTRO LADO – A Folha entrou em contato com o Governo do Estado para falar sobre a situação do abrigo, mas até o fechamento desta matéria não obteve resposta. (A.G.G)