Política

Governo diz que até hoje promessas de Temer não foram cumpridas

Os dois secretários da linha de frente do governo estadual explicaram à Folha tudo que foi prometido e não foi cumprido por Temer nesses 120 dias

Desde a primeira reunião entre a governadora Suely Campos e o presidente da República, Michel Temer (MDB), ocorrida em fevereiro em Roraima se passaram 120 dias e, segundo o Governo do Estado, até hoje nenhuma das promessas feitas pelo presidente foi cumprida.

Em entrevista à Folha, os secretários Frederico Linhares, Chefe da Casa Civil, e Marcelo Lopes, da Secretaria Extraordinária do Gabinete Institucional, destrincharam as promessas feitas e o que não foi cumprido pela Presidência da República.

Segundo eles, das medidas propostas pela governadora Suely Campos, Temer prometeu à época que nove seriam contempladas pelo Governo Federal. Ele anunciou ainda outras medidas que seriam implementadas de imediato em Roraima, mas até agora quase nada foi feito de efetivo pelo governo federal.

“São 120 dias desde que o presidente Temer veio a Roraima pela primeira vez e até agora as reinvindicações do Governo não foram atendidas. A gente compreende a situação humanitária dos venezuelanos, mas não é somente isso que o povo de Roraima quer. Nós queremos que os serviços públicos oferecidos à população sejam eficientes e hoje eles estão entrando em colapso por conta da crise migratória”, disse Frederico Linhares.

Ele continuou: “É preciso que isso seja resolvido por meio de repasses diretos do Governo Federal para o Governo do Estado, afinal de contas quem está arcando com a saúde, com a educação e com a segurança pública dos migrantes é o Estado. Então não é justo que os imigrantes que estão sendo acolhidos pelo Governo Federal não tenham o mesmo tratamento do povo que mora, vive e trabalha em Roraima a vida toda. É com o povo de Roraima que o governo precisa se preocupar”.

Para o Linhares, é preciso que sejam resolvidas as questões de Estado relacionadas à segurança, saúde, energia e terras. “Precisamos de energia de qualidade e de repasses para a segurança, saúde e educação, para que a gente possa de uma forma sistemática, planejada e de uma forma igualitária, tratar o roraimense brasileiro da mesma forma como o migrante vem sendo tratado”, concluiu o chefe da Casa Civil.

O mesmo pensamento tem o secretário Marcelo Lopes. Ele afirmou que é preciso enxergar a crise de uma forma mais ampla e disse que o melhor ponto de vista é de quem vive a situação, ou seja, o governo e os municípios de Roraima. Para ele, o governo federal se restringe a cuidar precariamente de habitação e alimentação dos venezuelanos e isso de forma temporária.

“A gente não sabe até quando ele suportará essa demanda da forma que vem crescendo, porém essa população toda que está em Roraima impacta de forma importante os serviços públicos, provocando demandas de saúde, segurança pública e educação, o que não está sendo observado pelo Governo Federal”, disse. 

Marcelo lembrou que a governadora Suely Campos tem cobrado do governo federal o ressarcimento do que já foi gasto nessas áreas. “Não temos como implementar nenhum serviço novo. Queremos apenas ressarcir o povo de Roraima nesses atendimentos que foram tolhidos e implementar medidas que façam com que esses serviços sejam aumentados de hoje em diante para não prejudicar ainda mais o atendimento do povo roraimense”, comentou.

Para o secretário Extraordinário do Gabinete Institucional, nesses 120 dias desde a visita de Temer, o fato mais importante que ocorreu foi o ingresso da ação do governo do Estado no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo o fechamento da fronteira. “Essas medidas de abrigamento logo não surtirão mais os efeitos que surtem hoje, pois continuam entrando em Roraima cerca de 800 venezuelanos todos os dias e nós vamos fechar a cidade de abrigos? Essa é a proposta? Não se faz nada com relação à interiorização nem à melhoria e ampliação dos serviços públicos no estado de Roraima. A crise econômica do país está sendo agravada gigantemente pela questão migratória e o governo federal precisa ouvir a governadora Suely. O presidente Temer precisa dar uma resposta para o povo de Roraima das demandas que encaminhamos desde fevereiro desse ano e ainda não foram respondidas a contento”, concluiu Lopes.

A partir das reclamações do Governo do Estado, a Folha fez um levantamento das medidas propostas por Suely Campos, das promessas feitas por Temer e dos novos pedidos feitos ao governo federal e verificou quais foram ou não atendidas. Confira: