Cotidiano

Governo atrasa pagamento e presos de duas unidades ficam sem comida

Empresa que fornece alimentação aos presídios deixou de realizar o serviço na terça-feira, 12, o que gerou revolta por parte dos detentos em algumas unidades

O atraso no pagamento por parte do Governo do Estado à empresa que fornece alimentação para o Sistema Prisional de Roraima fez com que os presos de duas unidades prisionais ficassem sem comida por pelo menos dois dias. A situação só foi normalizada depois que detentos da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc) iniciaram um motim na manhã de ontem, 14.

A falta de comida também ocorreu na Cadeia Pública de Boa Vista, no bairro São Vicente, zona Sul da Capital. Sem café da manhã, almoço e janta, alguns detentos iniciaram uma manifestação dentro das alas dos dois presídios e tentaram sair das celas.

Na Penitenciária Agrícola, familiares foram impedidos pela Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania (Sejuc) de entregar alimentos aos presos, o que causou revolta e confusão na frente da unidade. O reforço da Força Nacional e do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) teve que ser chamado e isolou a entrada do presídio.

A advogada de quatro detentos, Josi Carvalho, foi impedida de entrar na unidade para averiguar a situação e tentar saber se as refeições já haviam chegado. “Ficaram sem alimentação na terça-feira e quarta-feira. Não deixaram nem os familiares levarem comida para que os presos não passassem fome”, disse.

Conforme a advogada, a Sejuc está proibindo a entrada de alimentos na Pamc trazidos pelos familiares. “Eles tiveram pequena refeição no almoço, mas a quantidade foi muito pequena. No mês passado, os familiares tentaram trazer comida, mas a Sejuc proibiu a entrada de alimentos e deixaram os presos sem comida, porque a empresa não está fornecendo alimentação”, afirmou.

Ela informou que acionou a Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil em Roraima (OAB-RR) para que investigasse o caso. “Um erro não justifica o outro e eles [presos] não podem ficar nessa situação degradante que estão lá dentro”, frisou.

A reportagem entrou em contato com o presidente da Comissão de Direitos Humanos do órgão, Hélio Abozaglo. Por telefone, ele informou que tentará marcar uma reunião com o secretário de Justiça e Cidadania, Ronan Marinho, para saber quais medidas devem ser tomadas. “Independente do que faremos será algo demorado. É melhor primeiro averiguarmos a situação e, caso não consigamos êxito, iremos acionar a Justiça”, informou.

OUTRO LADO – Em nota, a Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc) informou que efetuou ontem, 14, o pagamento da empresa Quali Gourmet, que fornece refeições na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo.

Informou ainda, que já acionou a empresa para prestar esclarecimentos sobre o não fornecimento do jantar da noite de quarta-feira, 13 e o café da manhã dessa quinta-feira, 14, e cobrar o retorno do fornecimento. “Por medida de segurança, a entrega dos itens de limpeza e higiene feita por familiares foi suspensa temporariamente”, pontuou. (L.G.C)