Política

Governadora reafirma que pedido de fechamento da fronteira é temporário

Somente em 2017, devido a imigração, a população de Roraima aumentou em 16%, quando em situação regular o aumento seria de 2%

Em entrevista ao programa Agenda da Semana, na Rádio Folha AM 1020, domingo, dia 15, a governadora Suely Campos (PP), reafirmou que o pedido de fechamento da fronteira do Brasil com a Venezuela, solicitado ao Supremo Tribunal Federal (STF) no dia 13, é temporário. Ela afirmou que tal medida se faz necessária até que o Governo Federal reforce o controle de entradas e saídas com medidas mais rigorosas.

Suely foi enfática ao afirmar que em nenhum momento deseja romper relações com o país vizinho, nação que mantém integração com o Brasil em diversos setores. Relação ainda mais próxima quando se trata de Roraima, porque boa parte da energia elétrica aqui consumida provém da linha de transmissão Macágua-LasClaritas, na Venezuela, o chamado Linhão de Guri.

“Não queremos romper relações com a Venezuela, queremos apenas organizar essa situação. Desde que começou esse êxodo tivemos o cuidado de fazer o acolhimento. Disponibilizamos ginásio, entre outras medidas. Sempre procuramos dar a assistência que estava ao nosso alcance. O fechamento seria temporário até que conseguíssemos organizar melhor as coisas do lado de cá”, enfatizou a governadora.

O que motivou o Governo do Estado arecorrer à medida extrema, foi o risco socioeconômico que a imigração desenfreada representa para Roraima. Em um ritmo de crescimento regular, a população aumenta em até 2% a cada ano. Somente no ano de 2017, devido à absorção dos imigrantes, esse número subiu para 16%.

Suely afirmou que o Estadoestá prestes a chegar a uma situação extrema de desestabilização. Ela afirmou que os reflexos disso já podem ser sentidos nas ruas com o aumento da violência e dos casos de homicídios. Outros setores também sentem as consequências. Um deles é a educação, que ampliou em quase 100% o número de vagas ofertadas para atender crianças e adolescentes imigrantes. Porém, o que mais sofreu impacto foi a saúde pública.

“Nossas demandas aumentaram significativamente. A cada 10 partos no Hospital Materno Infantil, pelo menos quatro são de mulheres venezuelanas. Boa parte dos leitos nas demais unidades está ocupada por imigrantes. As farmácias se esvaziam muito rápido, não temos medicamentos. Não estávamos de forma alguma preparados para esse aumento repentino”, declarou.

CONTROLE – Suely alertou para a necessidade de o Governo Federal fazero controle efetivo na fronteira com medidas mais rigorosas. “Não é exigido nada de quem entra,não fazem vistoria nos carros, não exigem antecedentes criminais.Hoje, um dos maiores chefes do tráfico no Estado é venezuelano, é claro que,boa parte das pessoas que atravessam a fronteira são gente do bem, mas entre elas têm criminosos”, disse.

Ela também pediu que a barreira sanitária funcione de forma efetiva e o Governo Federal exija vacinas de quem deseja entrar no Brasil. “Essa falta de controle sanitário resultou no surto de sarampo que vivemos hoje e quem administra toda essa situação é o Governo do Estado e as prefeituras, que não viram nenhum centavo destes R$ 190 milhões que foram destinados ao gerenciamento da crise. O Estado não tem mais condições de absorver muita gente”, protestou.

RECURSOS – Ainda ressaltando a falta de apoio financeiro da União, Suely lembrou que até o momento, o Estado recebeu apenas R$ 480 mil, destinados à compra de gêneros alimentícios para os abrigos, que até certo tempo eram administrados pelo Governo Estadual.
“Recentemente ficaram de enviar R$ 1,8 milhão, mas até agora nada. Precisamos de aporte financeiro, pois os reflexos são sentidos nos serviços públicos. Acredito que esses R$ 190 milhões deveriam ser melhores distribuídos. Reconheço que o Exército Brasileiro vem fazendo um excelente trabalho, mas o acolhimento desses cidadãos não passa somente pelos abrigos, mas sim em diversos outros setores”, disse a governadora.

INTERIORIZAÇÃO – Quanto ao envio de cidadãos venezuelanos para demais estados brasileiros, Suely afirmou que o processo está sendo lento. “Temos cerca de 70 mil venezuelanos em Roraima e até agora o Governo Federal mandou apenas 260 para outros estados. Os que estão deixando Roraima são os mais jovens e capacitados, que possuem nível superior. Aqui só estão ficando os vulneráveis”, pontuou.