Cotidiano

Funai diz que ainda faz levantamento dos atingidos e que entrega donativos

Órgão indigenista informou que uma equipe realizará um diagnóstico dos principais problemas na região para depois definir atuação

Após quase uma semana da enchente histórica ocorrida em Uiramutã, região nordeste de Roraima, a Fundação Nacional do Índio (Funai) informou que arrecadou a primeira remessa de doações para as quase 900 pessoas afetadas. A população atingida é praticamente toda de comunidades indígenas.

Conforme o órgão indigenista, durante esse período, a Coordenação Regional da Funai em Roraima arrecadou roupas e pretendia entregar os materiais no município ainda ontem, 24.  Com relação à sede nacional, a Funai disse que foi acionada por meio da Coordenação- Geral de Promoção dos Direitos Sociais e está dialogando com o Ministério de Desenvolvimento Social e Agrário (MDSA) sobre fornecimento e aquisição de alimentos.

A Funai acrescentou que a Frente de Proteção Etnoambiental Yanomami/Iekuana forneceu 150 litros de diesel para a Coordenação Regional fazer um levantamento da situação no local com o objetivo de verificar quantas famílias realmente foram atingidas, quais comunidades, se os plantios das comunidades no entorno também foram afetados, qual a principal demanda dos indígenas e onde eles estão sendo alojados.

“Ao que parece, algumas comunidades pertencentes ao município de Normandia [região leste] também foram afetadas. Depois deste diagnóstico, a unidade de Roraima vai ter condições de definir a atuação da Funai”, explicou a nota.

A Folha questionou quantas pessoas da Funai foram disponibilizadas para atuar em Uiramutã e qual o prazo para a realização do levantamento da situação, porém, até o fechamento desta matéria, não obteve retorno. (P.C.)

CIR aponta 19 comunidades afetadas pela enchente, sendo três da Guiana

O Conselho Indígena de Roraima (CIR) informou que tem acompanhado de perto a situação das quase 200 famílias atingidas pela cheia do Rio Maú, em Uiramutã. Segundo a entidade, após um levantamento feito pelas lideranças indígenas da região foram identificadas 19 comunidades indígenas atingidas, três delas localizadas na Guiana. São elas: Makuken, Ximaral, Monte Muriá I, Monte Muriá II, Sítio São Mateus, Pródodo, Lage, Uiramudá, São Gabriel, Kumabai, Nova Esperança, Camararem, Mutum, Maturuca, Urinduk, Canawapai. No país vizinho são as comunidades Kanapan, Tapa e Santa Maria.

Para tentar auxiliar a vida das famílias, os membros do CIR e instituições parceiras têm ajudado com o que podem, conforme explicou o vice-coordenador do CIR, Edinho Batista. “As lideranças estão acolhendo as pessoas nas suas casas, contribuindo com a distribuição de alimentos arrecadados, disponibilizando transporte, cuidado dos bens que ainda restaram no local e criando uma equipe de organização para receber as doações”, explicou.

Ele afirmou que apesar de não haver mortes na enchente, a população está muito entristecida com o ocorrido. “Temos também que trabalhar com o psicológico das pessoas que estão muito abaladas por terem perdido tudo, suas casas, suas plantações, escolas, posto de saúde, que foram levados pela enxurrada. A gente agradece muito que aconteceu durante o dia. Se tivesse acontecido durante a noite, a devastação seria maior”, afirmou.

Segundo frisou, todos estão empenhados para tentar amenizar o problema, para que as pessoas possam recomeçar suas vidas. “Foi uma tragédia o que aconteceu. A gente está sujeito a viver esse momento, seja a sociedade indígena ou não indígena. Temos que estar empenhados no compromisso com a vida. A gente não espera que vai acontecer, mas pode ocorrer em outros municípios. Todo mundo tem que estar envolvido e dar o pouco que tem, que se torna muito quando a gente dá com amor e solidariedade, se colocar no lugar das pessoas que estão lá, fazer algo para servir as pessoas”, disse.

REUNIÃO – Durante toda a quarta-feira, 24, o CIR também realizou a 1ª Reunião da Coordenação Ampliada do Conselho Indígena de Roraima com outras lideranças de todos os municípios do Estado para debater as próximas ações e articular a segunda fase das doações, após a passagem do período emergencial.

SODIUR – A Folha entrou em contato com a Sociedade de Defesa dos Índios Unidos de Roraima (Sodiur), mas não teve resposta (P.C.)

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