Cotidiano

Fetag reclama de falta de apoio do governo para a agricultura familiar

A presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Roraima (Fetag), Maria Alves, afirmou que a safra de 2016 dos agricultores familiares ficou abaixo do esperado. A falta de assistência técnica, de infraestrutura e de recursos por parte do Estado foram os motivos alegados pela presidente da entidade para os resultados. A mandioca para farinha teve a maior saída, seguida pela banana, melancia, abacaxi e tomate.

Maria Alves explicou que não há um número fechado da produção e das vendas devido a não ser feito um controle por parte dos agricultores. A média é de 15 mil toneladas anuais de abacaxi e seis mil toneladas anuais de tomate. “A agricultura familiar é reduzida em número de gente, mas a produção é muito grande. Toda semana vêm carradas e carradas de melancia do Município de Normandia. O pessoal da Serra Grande traz toda semana abacaxi para a feira de Boa Vista. Farinha tem muito nos municípios do Cantá e de Iracema”, comentou.

Segundo ela, os produtores não recebem sementes nem adubo do Estado há vários meses. O pouco incentivo do governo para privilegiar o agronegócio, não é o único problema. Os agricultores familiares têm seus limites territoriais limitados, não podendo derrubar grandes porções de floresta. Também precisam investir em máquinas para aumentarem sua produção, a chamada mecanização, mas nem todos têm como pagar pelos equipamentos.

“Trabalhamos hoje com nossos esforços tanto físicos, quanto financeiros e estruturais. Estamos desprotegidos do sistema de políticas públicas. Precisávamos de no mínimo R$ 20 milhões para poder manter nosso trabalho com qualidade, mas não recebemos R$ 17 milhões em 2016”, comentou a presidente.

Maria Alves frisou que hoje a agricultura familiar domina 60% do abastecimento do Estado. Pelo menos 11 mil famílias fazem parte da Fetag, assentadas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Órgãos e entidades como o Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA), Agência de Defesa Agropecuária (Aderr) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) têm projetos em parceria com a Federação.

SEAPA – A Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) informou que tem um projeto em que 40% da merenda escolar do Estado são produzidos pelos agricultores familiares, sendo que 837 deles estão hoje cadastrados no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), com um total de R$ 2,4 milhões em alimentos comprados deles.

A safra total de mandioca de 2016, segundo o órgão, foi de 133 mil toneladas, um aumento de 35% sobre 2015, sendo que 89% da produção vieram da agricultura familiar. A produtividade da soja foi de 1,5 mil toneladas desde maio de 2016, somente com os pequenos agricultores. A safra da soja em todo o Estado em 2016 superou em 40% o ano de 2015. (NW)