Cotidiano

Femarh confirma alteração na água dos rios Uraricoera e Amajari

Técnicos da Femarh fizeram inspeção na região após denúncia de pescadores e ribeirinhos à Folha

Os técnicos da Divisão de Planejamento Hídrico da Fundação Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh) retornaram esta semana da inspeção realizada nas águas dos rios Uraricoera e Amajari, após averiguar a denúncia de um grupo de pescadores e ribeirinhos que moram no município de Amajari, em relação à poluição de uma suposta área de garimpo ilegal, instalada na divisa dos dois rios.

O detalhamento da inspeção foi repassado à Folha pelo chefe da Divisão de Planejamento Hídrico, Rogeano Gonçalves, que informou que este local inspecionado é um dos 23 pontos de coleta de qualidade de água. Em coletas realizadas anteriormente, no início do ano, a turbidez da água era de 13 a 14. Agora a nova coleta apresentou resultado entre 24 e 28. O PH que ia de 6,30 a 6,48 estava em 9,35.

“Desta forma podemos constatar que realmente os parâmetros físicos da água estão totalmente alterados, montamos um relatório detalhado e entregamos para o diretor do Departamento de Monitoramento e Controle Ambiental (DMCA) para as devidas providências. Agora será organizada uma reunião com todas as instituições federais e estaduais para que tenham ciência deste relatório, para a adoção das medidas necessárias e possivelmente ocorrerá um deslocamento até a região para apurar o que de fato está ocasionando este problema”, esclareceu.

Rogeano informou que a Femarh vai continuar monitorando a localidade, para saber se esses parâmetros vão melhorar, com a utilização da sonda exomultiparamétrica para qualidade da água, a qual tem possibilidade de medir seis elementos: turbidez, PH, oxigênio dissolvido, oxigênio saturado, temperatura e profundidade.

“Quando chegamos ao local, os ribeirinhos nos relataram que a qualidade da água estava pior na semana passada e que não conseguiam tomar banho e utilizar para outros fins. Eles relataram também que alguns peixes sumiram da região. Se realmente for constatado que ocorreu a ação de garimpagem ilegal, vamos em parceria com outros órgãos, incluindo forças policiais, verificar em que localidade está ocorrendo esta ação ilegal”, disse.

Superintendente do Ibama acredita que ação esteja ligada à garimpagem ilegal

O superintendente do Ibama em Roraima, Diego Bueno, disse já ter tomado conhecimento dessa situação e imagina que o fato esteja relacionado ao garimpo na terra indígena Yanomami. A informação é que estejam na localidade mais de 3 mil garimpeiros realizando o garimpo ilegal com balsas.

“No final de 2016 e início de 2017, tinha cerca de 70 balsas atuando de forma ilegal na região. Agora este número deve ser superior. Existe também o garimpo que é feito no barranco, fora do leito do rio, e está cada vez maior.

Estivemos lá no mês de março do ano passado e fizemos uma atuação, onde encontramos uma área de 80 hectares de área de mata destruída na margem do rio, para ser utilizada como garimpo de barranco. Esse material que é removido pela ação de garimpagem, acaba indo pro rio”, destacou.

Diego Bueno destacou que, dentro das operações Ágatas em conjunto com o Exército Brasileiro, este trabalho de combate ao garimpo ilegal tem se intensificado com o apoio da Fundação Nacional do Índio (Funai), Polícia Militar, Polícia Federal e outras instituições que cooperam mutuamente para combater essa prática ilegal e os crimes ambientais na terra indígena Yanomami, e caso necessário será debatida a possibilidade de uma atuação específica nessa região. (R.G)

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