Cotidiano

Familiares e amigos de jovem morto em acidente de trânsito protestam

Manifestação pacífica teve objetivo de mostrar indignação contra as mortes que acontecem no trânsito

Familiares, amigos e colegas de esporte de Álvaro dos Anjos, de 19 anos, se uniram no final da tarde de ontem, 13, para uma manifestação pacífica contra os crimes de trânsito em Roraima. O jovem foi vítima de um acidente de trânsito ocorrido na Avenida Ville Roy, na noite do dia 6 de junho.

De acordo com os manifestantes, o ato foi planejado para mostrar a indignação da sociedade por conta do alto número de mortes no trânsito e pressionar os órgãos de controle com relação às investigações do acidente.

Com faixas e cartazes, o grupo se reuniu em frente à sede do Ministério Público do Estado de Roraima (MPRR), na Avenida Santos Dumont, bairro São Pedro, e de lá, seguiu em passeata com apoio de um carro de som até o local do acidente, onde os manifestantes fixaram o que restou da motocicleta conduzida por Álvaro.

“Nós vamos incomodar para que esse processo siga adiante e não seja barrado por conta de quem o causou. O inquérito policial já está em andamento e nós viemos colocar uma pressão nos órgãos de controle. O pai do Álvaro está por dentro da ação, mas não quer dar mais detalhes por conta do sigilo”, disse Lena Barata, professora de Álvaro no curso de Geologia da Universidade Federal de Roraima (UFRR).

Ainda segundo a professora, “o ato é uma maneira de mostrar indignação. “Não podemos nos ater na ideia de que não podemos agir, porque não vai dar em nada. Se todo mundo pensar assim, a humanidade vai deixar de existir”, afirmou.

A Folha tentou contato com os familiares de Álvaro, que estavam no local do protesto, mas eles preferiam não se pronunciar no momento por conta da emoção. A equipe de reportagem também entrou em contato com o Ministério Público, porém o órgão informou que não poderia se manifestar sobre o caso.

ACIDENTES – Álvaro dos Anjos da Silva, de 19 anos, morreu no final da noite de quinta-feira, 6 de julho. O jovem conduzia uma motocicleta modelo Biz, na cor preta e foi atropelado por um motorista de uma caminhonete, modelo Hilux, cor prata, na avenida Ville Roy, no bairro Caçari, zona leste de Boa Vista. Segundo a Polícia Militar (PM), o impacto foi tão forte que o jovem foi arremessado por vários metros e caiu próximo a uma grade de proteção às margens do Igarapé Mirandinha. Álvaro chegou a ser socorrido por uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas não resistiu aos ferimentos e veio a óbito no local.

A manifestação também teve a intenção de lembrar o acidente de trânsito ocorrido no final de semana, que vitimou Carolina Apocina Gato, de 64 anos. A idosa esperava o ônibus numa parada no bairro Raiar do Sol, quando foi atingida por um motorista supostamente alcoolizado no dia 9 de julho. A vítima morreu horas depois do acidente no Hospital Geral de Roraima (HGR).

Nos dois casos, os condutores dos veículos que causaram o acidente fugiram do local sem prestar socorro. “A nossa indignação não é só pela falta de justiça, mas também pela covardia dos motoristas que, além de dirigirem em alta velocidade, não prestaram socorro às vítimas. Não está certo. Não foi só o Álvaro que acabou falecendo por conta do crime de trânsito. É uma indignação geral. O crime de trânsito tem sido o principal causador de mortes na sociedade. Isso é um absurdo e tem que mudar a legislação”, comentou um aluno de Geologia, que preferiu não se identificar.

Curso de Geologia da UFRR estuda homenagear aluno morto em acidente

Para a professora do curso de Geologia Lena Barata, o acadêmico Álvaro dos Anjos era um jovem tímido e sonhador. “No momento que eu recebi a notícia, eu estava corrigindo um trabalho de iniciação científica dele, uma tarefa que ele tinha me passado no dia anterior porque era meu orientando. Ele ia fazer todo o levantamento do acervo de minerais do curso. Ia identificar os materiais, colocar em um blog para a sociedade ter acesso e montar um museu. Isso foi ideia dele. Seria um ganho muito grande para todos nós e foi interrompido”, disse.

Agora, segundo a professora, o curso de Geologia estuda a possibilidade de homenagear o aluno pelo seu trabalho que não foi concluído. “Uma das nossas grandes intenções é dar o nome do museu a ele. Ele que ia começar a construir, de certa forma, esse acervo”, completou.

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