Cotidiano

Exames confirmam morte de criança por sarampo em RR

Além dessa vítima, ontem outro bebê com suspeita de sarampo morreu no Hospital da Criança e ainda serão feitos exames para confirmar a relação da morte com a doença

Exames realizados por técnicos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Rio de Janeiro, confirmaram que o sarampo foi a causa da morte de uma criança venezuelana, de quatro anos, em Roraima. O óbito ocorreu no início de março, no Hospital da Criança Santo Antônio (HCSA), em Boa Vista, apenas alguns dias após a vítima ter sido diagnosticada com a doença.

Ontem, um bebê de três meses, que estava com suspeita de sarampo, morreu no Hospital da Criança. Assim como no caso anterior, ainda será necessária a realização de exames para confirmar se a morte tem relação com a doença.

O surto de sarampo no Estado cresce a cada dia e já é considerado por autoridades de saúde como epidemia. Na manhã de ontem, 15, a coordenadora-geral de Vigilância em Saúde do Estado, Daniela Souza, convocou coletiva para informar que subiu para 74 o número de casos notificados, sendo que 17 foram confirmados.

Os técnicos da Fiocruz também relataram, por meio de pesquisas, que o vírus que circula em Roraima é idêntico ao notificado na Venezuela, confirmando que a doença veio do País vizinho. Todos os casos confirmados de sarampo no Estado são de venezuelanos, com uma faixa-etária de contaminados entre nove meses a 18 anos.

Conforme a coordenadora, o aumento nas notificações da doença foi motivado pela entrada de dezenas de indígenas venezuelanos da etnia Warao em Pacaraima, ao norte do Estado na fronteira com a Venezuela. Naquele município, três casos foram confirmados. “Tivemos grande aumento de casos por conta de Pacaraima. Muitos estrangeiros estão entrando no município já adoecidos”, disse.

Ela informou que dois técnicos do Ministério da Saúde (MS) vão ficar permanentemente em Pacaraima, onde foi montada uma barreira sanitária para vacinar os estrangeiros que entram em Roraima. Além disso, a campanha de vacinação realizada pelo Governo do Estado foi intensificada nos municípios do Cantá, a centro-leste, e Amajari, ao norte.

“O que temos feito é treinamentos in loco dos profissionais para tentar identificar casos suspeitos. O Cantá e o Amajari estavam bem abaixo no ranking de cobertura vacinal. Já há instalação de posto de vacinação em Pacaraima funcionando e o Ministério está investindo na construção de uma sala onde teremos enfermeiros fazendo avaliações”, informou.

Conforme Daniela, testes rápidos para diagnóstico da doença também serão feitos. “Deixaremos de fazer somente vacina e vamos implantar testes rápidos. Podemos dizer que estamos evoluindo para uma barreira sanitária mais aprimorada. A intenção é que isso ocorra também na Venezuela, porque muitos estão chegando adoecidos”, declarou.

CAMPANHA DE VACINAÇÃO – No último sábado, 10, 31.285 pessoas buscaram receber as doses da vacina em todas as unidades do estado. Porém, apenas 18.169 doses foram utilizadas. Isso ocorreu porque 12.348 pessoas já tinham esquema completo de vacina. Ou seja, não precisavam ser vacinadas. Receberam a dose 13.329 pessoas que não tinham o esquema e outras 3.414 estavam apenas sem a vacinação da segunda dose, se enquadraram na faixa-etária da campanha, e foram vacinadas.

“Analisamos a expectativa de 300 mil pessoas para vacinar, entre brasileiros e venezuelanos. Não fechamos porque não tínhamos certeza de qual a população que teríamos que vacinar. Podemos ver que apenas pelo dia D recebemos 31 mil, mas muitas tinham comprovante que estavam vacinadas. Agora estamos implantando o sistema nominal que vai dar garantia de saber qual a população que está vacinada. Como estamos em situação emergencial precisamos ter certeza dos resultados que buscamos”, frisou Daniela. (L.G.C)

Vacinação será reforçada na Praça Simón Bolívar

A Prefeitura de Boa Vista vai realizar neste sábado, 17, das 7h às 12h, mais uma ação de vacinação contra o sarampo na Praça Simón Bolívar, zona oeste da cidade. A ação faz parte das atividades da campanha contra o sarampo, que foi antecipada este ano devido à epidemia da doença.

A ação de vacinação, que estava prevista na Praça Capitão Clóvis para o sábado, foi reprogramada e realizada ontem, 15, no final da tarde para alcançar um número maior de pessoas.

Na última ação de intensificação da vacina contra o sarampo na Praça Simón Bolívar, em fevereiro, foram imunizados mais de 600 estrangeiros. Como o fluxo migratório tem aumentado é necessário voltar no local para imunizar mais pessoas.