Política

Estado não estaria em crise se União honrasse compromissos

O secretário, Marcelo Lopes, disse que a última visita do presidente Temer a Roraima não teve propósito

Em entrevista ao Programa Agenda da Semana, na Rádio Folha AM 1020, no domingo, dia 24, o secretário de Relações Institucionais do Governo do Estado, Marcelo Lopes afirmou que se o Presidente da República, Michel Temer tivesse honrado os compromissos assumidos em sua visita a Roraima no mês de fevereiro – em uma segunda-feira de carnaval – o Estado não estaria em crise financeira. Na época, o presidente se comprometeu em analisar os pleitos do Governo de Roraima, que pedia um aporte financeiro de R$ 184 milhões para cobrir os gastos em diversos setores do serviço público, prejudicados com a crise migratória. 

Ele lembrou que no retorno à Brasília, o Presidente da República reconheceu a crise migratória, que já havia sido declarada pela governadora Suely Campos, dias antes. “Na época ele anunciou que destinaria R$190 milhões para o gerenciamento da crise em Roraima. O Governo do Estado pensou que havia sido atendido, uma vez que a solicitação era de R$ 184 milhões. Porém fomos surpreendidos quando nenhum centavo desse dinheiro foi destinado ao Estado”, explicou. 

Lopes ressaltou que o aporte financeiro solicitado pelo Governo do Estado foi para sanar os custos extras gerados pela crise migratória em diversos setores do serviço público. Ele frisou que o setor mais prejudicado foi a saúde, que hoje enfrenta sérios problemas como a falta de leitos, medicamentos e outros serviços devido à crise. 

“O setor não estava preparado para esse aumento repentino na demanda. Os índices de criminalidade também aumentaram, e a população carcerária venezuelana nos presídios de Roraima também aumentou. Além disso tudo, a oferta de vagas na rede pública de ensino também teve que aumentar. Todos o recurso para estes gastos extras vieram das contas do Governo do Estado e nenhum centavo do Governo Federal”, explicou. 

A única solução para chamar a atenção do Governo Federal quanto aos problemas enfrentados pelo Governo do Estado, foi a judicialização da questão com o pedido de fechamento da fronteira pela governadora Suely Campos. “Essa ação serviu de alerta, para que o Governo Federal enxergue as dificuldades que estamos enfrentando e intervenha de maneira efetiva”, afirmou. 

Além de fechar os olhos para os problemas gerados pela crise imigratória, Lopes afirmou que o Governo Federal trava do desenvolvimento do Estado em outros setores. O principal deles a regularização fundiária. “Para a sociedade entender o que falta para regularizar a situação fundiária de Roraima é apenas que a Superintendência do Patrimônio da União (SPU) despache o processo para o Conselho Nacional de Defesa. O que não há é vontade política para que isso seja feito, pois isso não geraria nenhum custo. O que percebemos é que o Governo Federal não quer que a regularização fundiária ocorra durante o governo de Suely Campos”, disse. 

Além dos entraves citados, o secretário de Relações Institucionais ainda pontuou a falta de vontade política para que Roraima seja conectado ao Sistema Interligado Nacional (SIN) de distribuição de energia. “Outro problema que poderia ser solucionado apenas com uma Medida Provisória ou um decreto presidencial, mas o Governo Federal parece que deseja levar essa situação ao extremo”, esclareceu.