Cotidiano

Estado aguarda resposta do Governo Federal sobre pedido de recursos

Setrabes encaminhou documento ao Governo Federal com dados sobre impacto do fluxo migratório e da necessidade de recursos

Uma semana após o Governo do Estado decretar situação de emergência social por conta do crescente número de imigrantes venezuelanos que chegam diariamente ao Estado, em busca de melhores condições de vida. O comandante do Corpo de Bombeiros do Estado de Roraima (CBMRR), Doriedson Ribeiro, defendeu que a ação é uma continuação do trabalho do Governo do Estado em prol dos venezuelanos, coordenado pela Defesa Civil e a Secretaria de Trabalho e de Bem Estar Social (Setrabes), tal qual, a assinatura do decreto de situação de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional, em dezembro do ano passado.

“No ano passado, o Governo do Estado decretou situação de emergência na saúde pública em Boa Vista e Pacaraima por conta do volume de atendimentos para estrangeiros, para que outros órgãos, como o Ministério de Desenvolvimento Agrário e Social, pudessem encaminhar recursos para nós. Depois desse decreto foram encaminhados R$ 480 mil para o governo, que possibilitou investimentos, aquisição de alimentos, reparos nos abrigos e o seletivo para contratação de servidores que pudessem atuar nessa área”, explicou.

Segundo o comandante, o Ministério de Desenvolvimento solicitou que o Governo estabelecesse um novo decreto de emergência, para que pudesse continuar enviando recursos, tendo em vista a continuação da necessidade de apoio. O documento já foi encaminhado pela Setrabes, com dados sobre impacto do fluxo migratório e da necessidade do governo, porém, não estipula uma quantia de recursos a ser encaminhado. O Estado espera que, nas próximas duas semanas, o Governo Federal sinalize alguma resposta sobre o pedido.

“A questão da emergência existe, é notório, estamos com muitos venezuelanos em situação de vulnerabilidade, nas ruas. Muitos estão nos abrigos fornecidos pelo Estado e nós não temos recursos suficientes para atender essa demanda, compra de alimentos, aquisição de pessoal. Todo nosso efetivo do governo está atuando nos abrigos e nós precisamos de pessoas que possam fazer esse atendimento especializado. Com esse decreto, há a possibilidade, a abertura de uma janela, que o Governo Federal possa encaminhar recursos, para que o Estado possa gerenciar a questão com os venezuelanos”, salientou o comandante.

De acordo com Doriedson, o Estado está trabalhando praticamente sozinho, alimentando diariamente cerca de 1.300 pessoas nos três abrigos, dois em Boa Vista e um em Pacaraima, com instalações que não são as mais adequadas por não terem sido criadas com esse fim. “Os abrigos são locais temporários e acabaram se tornado espaços permanentes, porque as pessoas não têm para onde ir. Nos abrigos, nós temos que trabalhar a questão da segurança, da saúde, educação, entre outros fatores e precisamos de apoio para isso”.

Para o comandante, se não houver um apoio do Governo Federal e das prefeituras, trabalhando de forma partilhada, a situação só tende a piorar. “Se realmente não for tomada uma atitude nesse sentido, de trabalhar em parceria, só tem a piorar para todos nós”, avaliou.

DEFESA DA POPULAÇÃO – Um dos pontos ressaltados por Doriedson é com relação ao trabalho desenvolvido pelo Estado, que recebe críticas até da própria população, por considerar que o governo não deveria promover benefícios para os estrangeiros.

O comandante estipulou que existem duas frentes principais, que motivam a realização das ações: a primeira, por se tratar de uma questão humanitária, tendo em vista que a Venezuela sofre uma crise econômica e, em segundo lugar, por defesa dos roraimenses, que têm sentido o impacto do fluxo migratório em diversos setores. “A população precisa entender que, primeiro, é um atendimento humanitário por ser obrigação do estado brasileiro em prestar o apoio a essas pessoas que estão vindo para cá, pela Constituição e pelos tratados que são assinados pelo Brasil, mas o Governo do Estado está trabalhando também pela defesa social do nosso cidadão”, disse Ribeiro.

Ele exemplificou: “Vamos analisar esse caso do surto de sarampo. Se o governo não realizar ações de auxílio aos venezuelanos, de tirar essas pessoas da rua e colocar em abrigos para dar o atendimento adequado e dar o tratamento de saúde, daqui a pouco, pode ocorrer um surto da doença. Tem uma porcentagem da população que não entende e até critica as ações do Estado, mas temos que lembrar que estamos fazendo a nossa parte, de ação humanitária e também, para o bem estar dos próprios brasileiros”, finalizou. (P.C)