Cotidiano

Epidemias que afetam a Venezuela ameaçam o Brasil

No final de agosto, mais uma criança morreu no Estado de Bolívar, que faz fronteira com Roraima

A epidemia de difteria que começou no final de 2016 na Venezuela continua fazendo vítimas e até agora não se sabe a real extensão do problema, concentrado na região de fronteira com o Brasil. Além da difteria, a Venezuela vive sua maior epidemia de malária, que também ameaça o território brasileiro.

No final de agosto, mais uma criança morreu no Estado de Bolívar, que faz fronteira com Roraima, com sintomas clássicos da doença, altamente contagiosa e que estava praticamente desaparecida no continente americano há mais de duas décadas.

De acordo com informações da Organização Pan-americana de Saúde (Opas), 447 casos suspeitos de difteria foram registrados no País, entre setembro de 2016 e julho deste ano. A Sociedade Venezuelana de Saúde Pública, por sua vez, contabiliza em cerca de 50 o número de mortes devido à doença nos últimos 12 meses.

O menino José Guerrero, 6, deu entrada no hospital Raúl Leoni, na cidade de Guaiparo, a 590 km da cidade brasileira de Paracaima, em 25 de agosto, e morreu seis horas depois.

Um mês antes, Roraima registrou a primeira morte de um paciente por difteria em território brasileiro desde 2000. Também um menino, de 10 anos, vindo da cidade venezuelana de Santa Elena de Uairén, na fronteira com o Brasil, deu entrada no Hospital Infantil de Boa Vista com sintomas da doença e morreu uma semana depois.

A epidemia teve início em setembro do ano passado, quando os primeiros casos começaram a surgir nas áreas de garimpo de ouro do Estado de Bolívar. Rapidamente casos suspeitos da doença começaram a surgir em todo o País, inclusive na capital, Caracas.

Até o momento, 17 dos 23 Estados venezuelanos já registraram casos suspeitos de difteria. A maior concentração permanece em Bolívar, Estado por onde passa a Rodovia Caracas-Boa Vista e em que há maior interação entre venezuelanos e brasileiros.

A estimativa da Sociedade Venezuelana de Saúde é que estejam em falta no País cerca de 80% dos medicamentos necessários para a população. Remédios simples como antibióticos, anti-inflamatórios ou mesmo aqueles de uso contínuo, como insulina, são extremamente difíceis de serem encontrados.

No Brasil, houve apenas quatro casos confirmados de difteria em 2016. A distribuição de vacinas para a doença atingiu 91% do território nacional em 2016, segundo o Ministério da Saúde.

Malária – Além da difteria, a Venezuela vive sua maior epidemia de malária. Segundo informações não oficiais da Sociedade Venezuelana de Saúde Pública e levantamentos independentes de universidades, neste ano, a Venezuela deve registrar de 500 mil a 800 mil casos da doença. A maior concentração está no Estado de Bolívar.

O ex-ministro da Saúde da Venezuela Carlos Walter Valecillos integra um grupo de médicos que tem pressionado ministros da saúde dos países vizinhos a agir para impedir a proliferação da doença.

“Já enviamos uma carta ao ministro da Saúde do Brasil para que amplie o controle nas regiões de fronteira com a Venezuela e pressione nosso governo a agir de forma mais eficaz no combate”, afirma.

Com informações do D24AM