Política

Em audiência com ministro, presidente da CERR cobra religação de Jatapu

Ministro de Minas e Energia, Moreira Franco, determinou à equipe técnica do ministério que a Eletrobras utilize a energia de Jatapu imediatamente

Durante audiência com o ministro de Minas e Energia (MME), Moreira Franco, ontem, 12, em Brasília, o presidente da Companhia Energética de Roraima (Cerr), Kléber Coutinho, e o deputado federal Hiran Gonçalves cobraram a religação da Usina Hidrelétrica de Jatapu para normalizar o fornecimento de energia elétrica na região sul do Estado, que vem sofrendo com apagões e quedas de energia constantes. O pedido foi oficializado por documento, protocolado no MME. O ministro determinou que a Eletrobras Distribuição Roraima utilize a energia fornecida por Jatapu de forma imediata.

O presidente da Cerr foi a Brasília para buscar uma solução administrativa para o impasse criado pela Eletrobras, que desde o dia 2 de julho não vem aproveitando a geração de energia disponível pela Usina de Jatapu. Embora o ministro tenha sinalizado o atendimento ao pleito, a governadora Suely Campos já determinou que a Procuradoria-Geral do Estado, em conjunto com a assessoria jurídica da Cerr, prepare ação para ser judicializada caso o Governo Federal não resolva essa questão, para evitar mais prejuízos à população do sul do Estado. 

A Usina de Jatapu foi reinaugurada em 16 de junho, com equipamentos modernos e a instalação de quatro turbinas, funcionando sua capacidade total de geração de energia, de 10 megawatts. Essa energia vem de fonte limpa, é confiável e abundante para atender os 50 mil moradores dos municípios de Caroebe, São João da Baliza e São Luiz. Hoje a demanda da região é de 5,5 megawatts, e ainda sobram 4,5 megawatts que poderiam alimentar o sistema que fornece energia para o restante do Estado.

Apesar disso, a Eletrobras decidiu desligar a usina, que ainda está sob administração da Cerr, e está abastecendo a região com energia gerada por uma termelétrica instalada em Novo Paraíso. “Nós detalhamos ao ministro Moreira Franco todo o investimento do Governo do Estado, em torno de R$ 66 milhões na obra que hoje não está sendo utilizada, em grave prejuízo a toda a população daquela região que está sofrendo com apagões constantes. Além disso, a Eletrobras está descumprindo uma recomendação do Tribunal de Contas da União que orienta a utilização de energia hídrica e o uso de termelétrica somente em caso de urgência, o que não é o caso”, disse.

Conforme Coutinho, o ministro se mostrou estarrecido com a situação, disse que as razões apresentadas pela Eletrobras, supostamente a falta de testes, não era justificada, e determinou ao secretário de Energia Elétrica do MME, Ildo Grüdtne, que resolvesse essa questão de forma imediata. “Ele entendeu que esse é um problema político e não técnico, pois não existe razão para usar energia produzida por usinas termelétricas em lugar de energia hídrica”, explicou.

“Se houver possibilidade técnica, nós não podemos deixar que interferências político-eleitoreiras circunstanciais prejudiquem populações de cidades inteiras como é o caso”, afirmou Moreira Franco, ao acrescentar que “é mesmo muito difícil de entender as reais razões para esse desperdício de uma energia limpa e perene. Mas, independentemente de qualquer coisa, agora estou determinando que os técnicos da Secretaria de Energia Elétrica encontrem uma solução para esse problema e, tenho certeza, essa questão estará resolvida nos próximos dias”.

O deputado Hiran Gonçalves observou para o ministro que a não utilização de Jatapu representa desperdício de dinheiro do povo, pois o investimento feito na revitalização e ampliação da Usina foi de R$ 66 milhões e, por isso, deve ser respeitado. “Se gastou quase R$ 70 milhões do dinheiro do povo para revitalizar e duplicar a capacidade de geração de energia de Jatapu, uma medida importante que vai resolver o problema daquelas pessoas que vivem em Caroebe, São Luiz e São João da Baliza. É inadmissível que essa energia não seja utilizada por conta de interesses políticos inomináveis”, afirmou.

Na audiência, também foi protocolado outro ofício cobrando novamente o pagamento da indenização do patrimônio da Cerr, que foi avaliado em R$ 297 milhões.