Cotidiano

Duas pessoas são presas em operação de combate a facção

Realizada em parceria pela Polícia Civil e Ministério Público de São Paulo, a Operação Echelon visa desestruturar a organização criminosa

Duas pessoas foram presas e dois mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Roraima durante a Operação Echelon, realizada em parceria pela Polícia Civil e Ministério Público do Estado de São Paulo. O objetivo era atingir a estrutura de uma facção criminosa que atua dentro e fora do sistema prisional e tem ramificações em vários estados.

Conforme informações repassadas pela Polícia Civil, a ação buscou atingir o setor conhecido como “Resumo dos Estados”, que é subordinado diretamente à cúpula da organização. Os alvos de prisão foram encaminhados para a Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc), para interrogatório, porém, os dados dos acusados não foram divulgados.

A informação é que foram apreendidos ainda um notebook, dois celulares, dois cartões de memória, dois chips de celular e dois cadernos de anotações. A Polícia Civil divulgou um vídeo com imagens dos policiais fazendo uma busca em duas residências, sem mais informações. A Polícia Civil ressaltou, no entanto, que todo material apreendido será incorporado à investigação em São Paulo.

Em Roraima, a ação foi realizada por meio do Departamento de Operações Especiais (Dopes), coordenada pelo delegado Alexandre Matos, e a Polícia Civil de São Paulo, que enviou um delegado de polícia e um escrivão. A operação contou com o envolvimento de 16 policiais, com apoio de quatro viaturas.

O delegado Alexandre Matos informou que o Dopes contribuiu com todo apoio logístico e operacional, em auxílio aos policiais de São Paulo durante a Operação Echelon. Foi utilizado também o Grupo de Resposta Tática (GRT) para dar segurança e a condução dos presos. “Somos parceiros e sempre que precisamos de apoio e troca de informação, estamos à disposição para este tipo de intercâmbio. Essa integração é importante no nosso trabalho”, complementou.

O delegado de São Paulo, Ricardo Dourado, acrescentou que a existência de organizações criminosas é uma realidade no país, com a existência de duas a três facções mais fortemente estruturadas e elas são rivais. “Por conta disso as Polícias Civis de todos os estados têm a competência, a missão de realizar este combate. Com isso, elas vêm realizando as investigações, se materializando com procedimentos dentro dos inquéritos policiais, para sempre responsabilizar os mentores e trazer a segurança ao cidadão trabalhador”, complementou Dourado.

Operação ocorreu em mais 13 estados

A operação Echelon também foi deflagrada em São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul, Pará, Alagoas, Minas Gerais, Goiás, Tocantins, Rio Grande do Norte, Acre, Amapá, Maranhão e Roraima. A ação foi coordenada pela Polícia Civil de São Paulo, Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) e Ministério Público.

De acordo com os responsáveis pelas investigações de combate ao crime organizado, nestes 14 estados foram identificados 103 líderes da auto-denominada “Sintonia de outros estados e países”. Deste total, 73 líderes já estavam presos e 28 soltos.

Para a operação, foram decretadas prisões preventivas de 75 acusados e o cumprimento de 59 mandados de busca e apreensão. Os policiais mobilizados para a operação começaram as buscas às 6 horas, mas a concentração dos agentes, porém, começou duas horas antes.

Segundo o delegado de Polícia, Ricardo Dourado, as investigações foram iniciadas na Penitenciária de Presidente Venceslau, em São Paulo, onde atualmente estão presos os líderes da facção. No local, foi encontrado um fragmento no esgoto, onde apontava células da organização em 14 estados. Até mesmo provas de determinações de execuções de rivais, que acirravam ainda mais os confrontos entre as organizações criminosas foram encontradas.

INÍCIO DA INVESTIGAÇÃO – As investigações começaram em junho do ano passado, quando o líder máximo da facção, Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, estava isolado pela sexta vez no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) no presídio de Presidente Bernardes, em São Paulo.

“É por isso que Marcola, condenado a 332 anos de prisão por diversos crimes, por enquanto, não figura entre os acusados que tiveram a prisão decretada pela Justiça neste caso”, afirma a polícia.

As investigações feitas pelo Departamento de Polícia Judiciária do Interior 8 (Deinter-8), de Presidente Prudente, e pelo grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MPE, mostraram como a cúpula do grupo mantém contato com bandidos em outros estados, atuando nos tráficos de armas e drogas.

“Nos últimos quatro anos, o total de integrantes da organização espalhados fora de São Paulo cresceu seis vezes, passando de 3 mil para pouco mais de 20 mil em 2018. A facção, que em São Paulo conta com 10,9 mil integrantes, está presente ainda em cinco países da América do Sul – Bolívia, Colômbia, Guiana, Paraguai e Peru”, explicam os autores da investigação.

Para a polícia, a expansão da facção pelo país levou à reação de gangues locais, que se aliaram a uma organização rival, iniciando assim uma guerra que atinge principalmente os estados do Norte e do Nordeste do País. Depois de São Paulo, os estados que concentram o maior número de integrantes são, de acordo com o Gaeco, Paraná (2.829), Ceará (2.582) e Minas Gerais (1.432). (P.C.)